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Obra quer tirar 500 mil pessoas do Cantareira

OESP, Metrópole, p. A13
20 de Abr de 2015

Obra quer tirar 500 mil pessoas do Cantareira
Para isso, Sabesp pretende aumentar em 36% captação dessa nova construção; entrega da obra está prevista para outubro de 2017

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) quer ampliar em 36% a captação de água prevista no futuro Sistema São Lourenço, em construção há um ano no Vale do Ribeira, para tirar mais 500 mil pessoas da área de cobertura do Cantareira. A conclusão da obra está prevista para outubro de 2017 e é vista como mais uma alternativa para ajudar a recuperar o manancial.
A estatal já fez pedido aos órgãos reguladores estadual e federal para aumentar a outorga que libera a retirada de água do São Lourenço dos atuais 4,7 mil litros por segundo para 6,4 mil l/s e, assim, conseguir levar a água captada na Represa Cachoeira do França, em Ibiúna, a 83 km da Grande São Paulo, até o município de Osasco, que hoje ainda é abastecido parcialmente pelo Cantareira.
Pela proposta original, a obra orçada em R$ 2,2 bilhões e executada por meio de Parceria Público-Privada (PPP), vai atender 1,5 milhão de pessoas em sete cidades da zona oeste da Grande São Paulo: Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. "Com esse acréscimo daria para chegar até Osasco e atender mais 500 mil pessoas", diz Silvio Leifert, superintendente de Gestão de Empreendimentos da Sabesp.
Cálculos feitos pela companhia mostram que, se o plano der certo, será possível reduzir em mais 5,3 mil l/s a vazão do Cantareira para a Grande São Paulo, volume equivalente a 38% do que a Sabesp produz hoje no manancial e suficiente para abastecer cerca de 1,6 milhão de pessoas. Essa água poderia ser remanejada para outras regiões ou mantida nas represas para ajudar na recuperação do manancial. Os sistemas Alto e Baixo Cotia e Guarapiranga também serão beneficiados.
A medida, contudo, abre uma nova frente de disputa do governo Geraldo Alckmin (PSDB) por água. Agora, com a empresa Votorantim Energia, que usa a mesma represa em Ibiúna para gerar energia para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Ocorre que a concessão feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à usina da Votorantim e que prevê o direito de reversão de até 4,7 mil l/s de água do reservatório para abastecimento público vence em junho de 2016.
"Como a gente só vai operar o sistema após a nova concessão, nós já pedimos à Aneel, por meio do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo), que no próximo período conste que 6,4 (mil l/s) sejam destinados para abastecimento público. Assim, ela (Votorantim) já sabe que o potencial energético será menor", disse Leifert. Procurada pela reportagem, a Votorantim não comentou as declarações.
O superintendente da Sabesp explica que para aumentar a produção do São Lourenço não será preciso ampliar a construção, mas apenas operar o sistema durante 24 horas por dia. No projeto original, a vazão de 4,7 mil l/s seria produzida durante 19 horas, sendo paralisada no horário de pico, entre 17h a 22h, porque nesse período a tarifa de energia é mais cara para o setor.
Obra. Sétimo grande manancial a atender a Grande São Paulo, o São Lourenço é a primeira obra desse porte em mais de 20 anos. O último sistema de abastecimento construído pelo governo foi o Alto Tietê, em 1993. A nova construção teve início no dia 10 de abril de 2014, após dois anos de atraso. Segundo a Sabesp, hoje são 14 frentes de obras para executar uma estação de tratamento de água, que ficará em Vargem Grande, estações de bombeamento, reservatórios e 83 km de adutoras, das quais 2,1 km foram concluídas. "A gente sabe que é uma meta desafiadora, mas o objetivo é realmente concluir as obras no final de outubro de 2017", disse Leifert.
Com a longa estiagem no Cantareira, a obra que parecia ser uma solução a longo prazo para a região metropolitana vai ganhando cada vez mais importância. Nos estudos feitos pela Sabesp em 2008 para a construção do São Lourenço, previa-se que o novo sistema garantiria a segurança hídrica da Grande São Paulo por 15 anos. Com a crise, porém, as estimativas foram superadas e agora o governo corre contra o tempo para buscar outras fontes de abastecimento, como a ligação da Represa Billings com o Alto Tietê, prevista para este ano, e a transposição da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira, para 2016.

OESP, 20/04/2015, Metrópole, p. A13

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