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Obra inacabada ameaça reserva

CB, Cidades, p. 32
06 de Mai de 2006

Obra inacabada ameaça reserva

Cecília Brandim
Da equipe do Correio

Uma disputa judicial que se arrasta há quatro anos ameaça a conservação da Floresta Nacional de Brasília (Flona). A manutenção da área, considerada uma das maiores e mais importantes do Distrito Federal, depende da conclusão de um prédio para abrigar a sede administrativa da reserva, paralisada em função de um impasse que envolve o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e uma empresa falida. O prédio deveria estar pronto, mas a obra parou em 2002, depois que a construtora contratada faliu.
O custo para concluir a construção, R$ 90 mil, é quase o mesmo valor que constava no contrato com a empresa responsável pela obra. As etapas executadas antes de 2002 tiveram problemas. Em um relatório sobre a situação do prédio, de dezembro de 2004, o responsável pelo projeto original, Roberto Lecomte, apontou irregularidades e recomendou modificações na estrutura atual. No lugar da casa de 138 metros quadrados feita em madeira comercializável, deverá ser construída uma de alvenaria. O material usado nas paredes era impróprio. Com as temporadas de chuva, surgiram frestas largas nas paredes, que também empenaram. A madeira deverá ser removida e usada em outros projetos. O Ibama não soube informar quanto a empresa recebeu pelo serviço.
Os fiscais e os técnicos que trabalham na conservação de 9,3 mil hectares de mata (o equivalente a mais de 9 mil campos futebol) estão alojados provisoriamente em um prédio construído para a equipe responsável por outra unidade de conservação, a APA do Rio São Bartolomeu, ao lado de onde deveria ficar a futura sede. Mas não há espaço para todas as atividades. De junho a dezembro, quando a floresta está sujeita a queimadas, falta lugar para quem trabalha na brigada de incêndio. A brigada se acomoda nas salas emprestadas.
A chefe da Flona, Míriam Honorata, diz que depende de um novo espaço para colocar em prática os projetos de educação ambiental.
"Nós temos um esqueleto que precisa ser finalizado", reforça. A floresta é ponto de visitação de estudantes das redes pública e particular e local utilizado para trabalhos de pesquisadores e produção de mudas para recuperação de áreas degradadas.
Apesar de não haver definição sobre a recuperação dos recursos públicos destinados à obra, o Ibama pretende terminar o serviço com o dinheiro que recebe a título de compensação ambiental. Pela legislação, 0,5% do valor de obras licenciadas pelo órgão deve ser destinado pelas empresas à conservação do meio ambiente. Nesse caso, a verba virá da CEB.
A expectativa é de que a obra seja retomada neste semestre.
A Flona preserva uma das nascentes mais relevantes para o DF, a do rio Descoberto, que abastece 60% da população da capital federal. Apesar da importância, a floresta é constantemente ameaçada pela ação criminosa de pessoas que atravessam as cercas da reserva sem autorização.

GREVE NO IBAMA
A greve dos servidores do Ibama atingirá o Parque Nacional de Brasília (Água Mineral), uma das principais atrações de lazer dos brasilienses. Por causa da paralisação dos funcionários, iniciada na quinta-feira, os portões do local ficarão fechados hoje e amanhã. "Enquanto seguir a greve, a Água Mineral permanece fechada", disse o secretário geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef ), Josemilton Costa. O centro de lazer tem capacidade para receber até 3 mil pessoas. A lotação completa ocorre quase todos os fins de semana de calor intenso no DF.

CB, 06/05/2006, Cidades, p. 32

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