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O Rio do futuro

O Globo, Opinião, p. 7
Autor: KLABIN, Israel
03 de Dez de 2009

O Rio do futuro

Israel Klabin

Um dos mais importantes aforismos que balizam a ação ambiental é: "Pense globalmente, aja localmente."
O prefeito Eduardo Paes, ao eleger a nossa cidade para se tornar exemplo de projeto ambiental e de uma visão futura, elegeu o problema ambiental como o eixo de fundamental importância, e assumiu um projeto ambicioso e que merece não só aplausos, mas também o apoio de toda a sociedade.

Ao declarar uma meta de diminuição de 20% nas emissões de gases de efeito estufa para 2020, o Rio tem como consequência o embasamento de uma nova economia que deverá consolidar o futuro da cidade. Desde a fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio, a cidade lutou contra a perda de identidade e foi carregada por uma sequência de "desadministrações".

Ao eleger o Rio como repositório de um projeto ambiental, assume o prefeito, também, a responsabilidade de propor uma nova economia, a correção de situações impactantes ao meio ambiente, tais como o problema do lixo, o problema de transporte e veicular em geral, saneamento básico e consolidação do conceito de Rio como centro de serviços e de indústrias limpas.

Isto não só é possível, como seguramente deverá atrair interesse tanto nacional quanto internacional, que deverão preencher a demanda de alta tecnologia desse projeto e daqueles que, cada vez mais, procuram condições de qualidade de vida que outros centros urbanos já não podem oferecer.

Por uma vez, a superposição de interesses dos governos estadual e municipal, bem como a harmonia que rege a relação do prefeito e do governador, exigem da população da cidade apoio e participação direta, independente de partidos, religiões, etnias ou gêneros.

Não falta coragem ao prefeito em apontar culpados pela sujeira e por outros males que nos afligem. Isto é herança de um passado no qual tudo valia e nada era cobrado. Esperamos que seja diferente. Outras cidades que assumiram metas de redução de emissão de CO2 como símbolo da adoção da modernidade, tais como São Paulo, Tóquio, Nova York, Londres, Paris, deverão se associar a nós na procura de soluções para problemas comuns.

Não podemos nos esquecer que em 2050 a população planetária subirá de 6 bilhões e 200 milhões para 9 bilhões e 300 milhões, sendo que 70% dessa população habitarão nas cidades. A visão disso pode ser aterrorizante ou motivadora de mudanças como essas propostas pelo prefeito Paes. Não temos remédio senão caminhar nesse sentido e aplaudir a visão do governo que, em bom tempo, inicia essa transformação da nossa cidade de um burgo podre para uma cidade de esperança.
Israel Klabin foi prefeito do Rio de Janeiro

O Globo, 03/12/2009, Opinião, p. 7

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