VOLTAR

O maior animal da Amazônia

Envolverde - www.envolverde.com.br
Autor: Luena Barros
25 de Mar de 2010

Qual é o maior animal da Amazônia? A coleção de mamíferos do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) incorporou no mês passado uma ossada de Balaenoptera physalus, resgatada na Vila Boa Vista, em Quatipuru, pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM) da instituição. Os ossos do filhote de 15 metros atestam a presença da espécie no Pará, com esta descoberta, a baleia-fin passou a ser o maior animal da amazônica, cuja biodiversidade é dominada por animais de pequeno e médio porte.

baleia-finDesde o início da década de 1990, havia uma dúvida quanto à ocorrência desta espécie marinha no Pará. A dúvida surgiu quando foram encontrados ossos de uma baleia em Machadinho, no arquipélago do Marajó, a qual não se sabia ao certo se consistia em uma B. physalus ou uma B. musculus. O pesquisador José de Sousa e Silva Jr., da Coordenação de Zoologia do Museu Goeldi, salienta que o encalhe monitorado e o resgate da ossada incorporada à coleção do MPEG "é o testemunho concreto da ocorrência, na Amazônia, de mais uma espécie ameaçada de extinção".

A baleia-fin, como é vulgarmente conhecida, figura entre os animais ameaçados de extinção por conta da matança indiscriminada em busca de sua gordura, óleo e barbatanas. De acordo com o Plano de Ação para os Mamíferos Aquáticos no Brasil, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), a espécie é classificada com alto risco de extinção em médio prazo.

O primeiro registro de encalhe de baleia no município de Quatipuru aconteceu em 2008 e tratava-se de uma jubarte (Megaptera novaeangliae) de 8 metros de comprimento. José de Sousa e Silva Jr. esclarece que "estes encalhes devem, provavelmente, ter sempre acontecido, mas ficaram sem registro por falta de especialistas trabalhando com este grupo de animais na região". Além de Quatipuru e Marajó, os pesquisadores ainda têm conhecimento de casos em Santarém, Colares, Viseu e Marapanim, só no Pará. "Agora, com o grupo [GEMAM] atuando, nós temos conhecimento destas ocorrências", completa Silva jr, que está assumindo oficialmente a liderança do GEMAM.

A doutoranda Renata Emin, integrante do GEMAM e uma das participantes do resgate da baleia-fin, afirma que a tendência para os próximos anos é que mais espécies de mamíferos aquáticos sejam descobertas nas águas amazônicas. Desde 2006, a coleção de espécimes do Museu Goeldi aumentou em vinte vezes, graças ao trabalho constante do GEMAM, monitorando as praias e resgatando as ossadas jogadas na margem pela maré. "Em cinco anos, são cinco baleias", brinca Renata, que lamenta quanta informação deve ter sido perdida em anos passados. O aumento do acervo tem grande relevância científica, pois com novas descobertas há maior possibilidade de crescimento dos estudos sobre os mamíferos aquáticos na região estuarina amazônica.

O resgate - O filhote de baleia-fin foi encontrado morto no final de janeiro na Cabeceira do Bambá, em Quatipuru, região do Salgado paraense. Os pescadores já haviam avistado a baleia pelas redondezas há alguns dias e avisado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além de especialistas do ICMBio, representantes da Divisão Especial de Meio Ambiente (DEMA) e do GEMAM foram até o local tendo em vista o desencalhe do animal, que não resistiu e morreu na tarde do dia 21.
Para retirar os ossos da baleia, GEMAM teve o auxílio dos pescadores da região e o do Comando Geral dos Bombeiros em Belém, que atenderam prontamente o pedido de auxílio feito pelo Diretor do MPEG. O deslocamento da ossada contou também com a colaboração do Comando Geral de Bombeiros de Capanema. Para transportar os ossos da baleia-fin até o Museu Goeldi foi necessário um caminhão, cedido pelo Movimento de Articulações de Políticas Públicas de Igarapé-Açú (MAPPI). Para colocar o crânio do animal no veículo foram necessários 13 pessoas.

O encalhe - As razões que levaram a baleia, de aproximadamente dois anos, a desviar de sua rota ainda não são conhecidas. Renata Emim conta que o filhote tinha um calo ósseo na cabeça, que pode ter sido resultado de uma colisão com alguma embarcação, e um tumor no estômago, que estão sendo analisados. Os pesquisadores também investigam a qual população o animal pertencia, sabendo que baleias-fin são encontradas no Atlântico Norte, no Pacífico, próximo ao Caribe, e no mar Mediterrâneo.
"Há vários motivos para uma baleia parar aqui. Ainda mais no norte, onde há uma plataforma continental muito grande, com águas rasas. Então, como ela vive no oceano mais profundo, para ter chegado aqui, ela pode estar doente, ou com algum problema que a fez desviar de rota", explica Renata. No Brasil este é o quinto encalhe registrado da espécie. Dois casos ocorreram em São Paulo, um na Bahia e um no Rio Grande do Sul.

Baleia-fin ou baleia comum - Seu nome científico é Balaenoptera physalus. É o segundo maior mamífero do mundo, perdendo somente para a baleia azul. Pode atingir 27 metros comprimento e 70 toneladas na fase adulta. Está entre os cetáceos mais velozes, chegando a 37 km/h. Sua alimentação consiste em crustáceos, peixes e lulas.

http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=71729&edt=56

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.