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O "ecochato" mandou bem no Maracanã

Valor Econômico, Rio, p. B7
Autor: CHIARETTI, Daniela
09 de Ago de 2016

O "ecochato" mandou bem no Maracanã

Daniela Chiaretti

O melhor indicador para avaliar se a abertura da Olimpíada atingiu o alvo ao falar da mudança climática para 3,3 bilhões de pessoas foi a reação dos céticos climáticos americanos, espécie que devia estar extinta, para o bem do planeta.
"Faz sentido o Brasil colocar foco na mudança do clima. Provavelmente para tirá-lo da zika, governo corrupto e um oceano de cocô", colocou um sujeito no twitter. "Ridículo isso ser um tema da #CerimoniadeAbertura. Limpem as suas águas imundas", insultava outro.
O cineasta Fernando Meirelles foi tão certeiro ao aproveitar o mega evento para tocar em tema global como esse, quanto fez o Papa Francisco, há um ano, ao divulgar sua encíclica sobre mudança do clima.
Ambos despertaram a ira dos conservadores republicanos.
Os elogios também vieram em torrente. O ambientalista Bill McKibben colocou o dedo na ferida: "Americanos assistindo ao segmento climático da #Rio2016 são lembrados que na maior parte do mundo esse tema não é controverso." O "Washington Post" aplaudiu o "lembrete nada sutil que os países do mundo são inexoravelmente ligados em seus destinos". Tom Lutz, editor de esportes do "The Guardian" comentou o contraste com as duas cerimônias anteriores. "O tema de Pequim 2008 era 'China é grande'. Londres 2012, o Reino Unido foi grande. O tema desta noite? Melhor começarmos a fazer algo sobre o ambiente ou podemos não ter muitas Olimpíadas a celebrar no futuro."
Paulo Artaxo, um dos maiores climatologistas brasileiros, foi o consultor que sugeriu gráficos que mostravam o aumento da temperatura e o mar engolindo Amsterdã, Dubai, a Flórida, o Rio. O engenheiro florestal Tasso Azevedo ajudou a mostrar que as florestas são essenciais para ajudar a resolver o problemão em que nos metemos.
Meirelles é militante da causa. Vegetariano, deixou de engordar gado em sua fazenda e plantou espécies nativas. Fala em congressos de biodiversidade, prepara séries sobre aquecimento. Na Rio 2016 cuidou até para que a pira olímpica não tivesse uma chama imensa, e a peça atrás, que parece um Sol, fosse movida a energia eólica. "Quando não sou ecochato, sou biodesagradável", disse à "Época" em 2015. O ecochato mandou bem no Maracanã. "Foi uma das maiores oportunidades de divulgação científica que já houve no planeta", comemorou Artaxo.

Valor Econômico, 09/08/2016, Rio, p. B7

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