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O caminho de Kyoto

FSP, Editoriais, p.A2
17 de Fev de 2005

O Caminho de Kyoto
Entrou ontem em vigor o Protocolo de Kyoto, já ratificado por 141 países. A conturbada história do acordo foi marcada pelo boicote dos EUA. Em março de 2001, tão logo investido de seu primeiro mandato, o presidente George W. Bush anunciou que seu país não participaria do tratado, contemplando grupos internos contrários ao sistema de metas de emissão de gases previsto para os signatários mais poluidores.O objetivo do protocolo é controlar os efeitos de gases que, ao aprisionarem calor na atmosfera, aquecem o planeta, num processo que, segundo estimam cientistas, poderá provocar alterações do clima, com eventuais conseqüências catastróficas.O recuo de Washington, que poderia ter esvaziado por completo a iniciativa, mereceu uma série de condenações internacionais, que terminaram por estimular a assinatura e a ratificação do tratado por parte de um grupo numeroso de países -entre os quais a Rússia, que muitos acreditavam propensa a seguir os passos de Bush. Nos EUA, a decisão do presidente também gerou reações e incentivou a adoção de políticas públicas antipoluição que não dependem da esfera federal.O Protocolo de Kyoto se baseia no princípio da autodisciplina. Os signatários mais industrializados se comprometem a reduzir em determinadas porcentagens o nível de emissão de gases registrado em 1990. Os maiores países emergentes -como Brasil e Índia- só adotam as metas depois de 2012.Pode não ser o suficiente, mas foi o acordo possível dentro de uma complicada arquitetura de negociações na qual interesses econômicos e nacionais tiveram de se harmonizar com as preocupações ambientalistas que emergiram na agenda mundial a partir dos anos 70.Em que pese a lastimável retirada dos EUA, que respondem por um quarto das emissões poluentes, a entrada em vigor do acordo é um passo auspicioso na tentativa de assegurar um futuro melhor para o planeta.
FSP, 17/02/2005, p.A2

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