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O batismo indígena

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DARCI DEBONA
08 de Mai de 2003

Tribo Kaingang de Chapecó quer preservar a tradição e a cultura na aldeia

Os Kaingang da aldeia de Toldo Chimbangue, em Chapecó, estão resgatando uma tradição cultural que é o batismo indígena. Anualmente, durante as comemorações do Dia do Índio, é realizada a cerimônia com os novos integrantes da comunidade.

Diferente do batismo cristão, na tradição indígena não existem padrinhos. Um dos coordenadores da semana cultural indígena, Paulo Márcio "Xamã" Pinheiro, disse que o nome indígena é escolhido no batismo. A maioria dos nomes faz referência a animais ou plantas. No seu caso, "Xamã", quer dizer curador. Os batizados são pintados com os símbolos kamé (em forma de traços) ou kairu (em forma de bolinhas).

Estes símbolos indicam as famílias dos patriarcas. Os kamé só podem namorar e casar com os kairu e vice-versa. O objetivo é evitar casamentos com parentes com proximidade consangüínea. Na cerimônia indígena, o padre é substituído por um rezador, denominado kuian. Na aldeia de Toldo Chimbangue, o kuian é João "Doré" Fortes Nascimento, de 84 anos.

"Doré" significa flecha. Ele aprendeu as rezas e canções com a avó, que também fazia esta função. Os preparativos começam na cata de folhas de ervas medicinais, que são trituradas e depois diluídas em um balde de água. O kuian benze as ervas e a água que será utilizada no batismo. Depois é preparada uma fogueira e jogadas folhas de mato para fazer fumaça.

João "Doré" canta para pedir proteção contra mau-olhado, doenças e inveja. A fumaça espanta os maus espíritos e a água serve para proteger contra vários males. No batizado a água com folhas é esfregada na cabeça e o kuian invoca o Deus Tupã, pedindo proteção. Claudiomiro Marcelino batizou o filho Anderson com o nome de Fãfãn, que quer dizer tatuzinho.

Rosa de Paula batizou dois netos, Gilliard Rodrigues, de 11 meses, e Kaiane Emanuele Antunes, de 27 dias. O menino recebeu o nome de Jesi (pássaro) e a menina de Sónh (espinho). A avó disse que o batismo indígena é muito bom, pois protege as crianças de doenças. Márcio Pinheiro afirmou que, atualmente, as crianças já são registradas com o nome indígena juntamente com o nome dado no batismo cristão.

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