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O avanço da destruição

Amazônia News
29 de Dez de 2003

O governo de Mato Grosso encaminhou na semana passada uma mensagem à Assembléia Legislativa propondo a redução do Parque Estadual do Xingu, localizado no município de Santa Cruz do Xingu, quase mil quilômetros ao norte de Cuiabá. O parque, que neste mês apenas completou seu segundo ano de vida, perderia 30% dos seus 134,4 mil hectares (quase 40 mil hectares), ficando reduzido a pouco mais de 95 mil hectares.
A reserva estadual é importante por ajudar a proteger o entorno do Parque Indígena do Xingu, unidade federal habitada por 14 etnias. Embora os 2,6 milhões de hectares do parque, criado em 1961 por ato do presidente Jânio Quadros, permaneçam intocados, a área está totalmente cercada por fazendas de gado e cultivos agrícolas, entre os quais a soja. Como os cursos d'água que atravessam o parque nascem fora dos seus limites, o grande desmatamento provocado pelos fazendeiros e "sojeiros" ameaça comprometer o equilíbrio ecológico e a vida dos índios na região. O problema é extremamente grave porque pode afetar também o Tapajós, um dos maiores rios da Amazônia (e do mundo).
O governo mato-grossense justificou a iniciativa dizendo que se respalda em um referendo popular. Consultada, a população de Santa Cruz do Xingu, mesmo aprovando a manutenção do parque estadual, pediu que dele fossem desanexadas áreas produtivas e de expansão agrícola. A consulta popular foi "acompanhada" por técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente. A Feema produziu um novo traçado para o parque, que, segundo a mensagem do governador Blairo Maggi, o maior plantador individual de soja do Brasil, "assegurará definitivamente" a implantação da unidade de conservação.
Esta não é uma iniciativa isolada na Amazônia. Recentemente a Hermasa, empresa que também pertence a Maggi, propôs a construção de um canal numa ponta de terra no rio Madeira, a jusante de Porto Velho, para evitar uma curva aguda e assim reduzir o tempo de navegação da

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