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NYT: Brasil não tem capacidade de conter desmatamento

O Globo-Rio de Janeiro-RJ
06 de Ago de 2002

Em editorial sobre a Amazônia, o "New York Times" de ontem criticou a fragilidade do governo brasileiro para combater o alto número de crimes na região e impedir "o desmatamento sem precedentes que há décadas acontece impunemente no país". As observações foram feitas aproveitando o anúncio da recente inauguração da rede de radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), construída para vigiar toda a extensão da floresta, um investimento de cerca de US$ 1,4 bilhão".

"Fazendeiros e latifundiários exploram a terra sem ligar para a biodiversidade e a destruição da paisagem incide diretamente na capacidade de reter água e evitar a erosão", diz o editorial, que conclui que o sistema de radares pode ajudar. "O estado de Mato Grosso, por exemplo, precisa de autorização para queimar a terra e agora as autoridades podem checar o que realmente o estado está fazendo com ela . Ajudaria se a lei fosse usada em todos os estados".

"Área devastada no Pará é maior do que West Virginia"
O editorialista diz que o estado do Pará é o mais afetado com a devastação da floresta. "O grupo americano Environmental Defense disse recentemente que a situação brasileira é desmedida e que o desmatamento da área hoje já é superior ao território de West Virginia".

O texto continua dizendo que o problema está na falta de capacidade do governo para coibir o desmatamento. "As autoridades são indiferentes ao problema". Cita mortes de líderes rurais mortos ano passado que defendiam a preservação da área e finaliza afirmando que o novo sistema de radares poderia ser um primeiro passo para a proteção ambiental, mas que o olhar sobre a Amazônia será sempre limitado "se as autoridades continuarem assistindo ao comportamento ilegal".

Autoridades americanas e colombianas estimam em dez vôos clandestinos diários na região. Esses dados incluem, porém, qualquer avião não-registrado, como pequenos monomotores de fazendeiros que costumam viajar sem registrar plano de vôo. O número repassado à Polícia Federal é três vezes maior do que os obtidos pelo Sivam. Mas os dados da Aeronáutica correspondem a levantamentos feitos quando os radares ainda estavam sendo testados.

Serviço funcionará integralmente até fim do ano
Quando for integralmente concluído, o serviço de controle aéreo terá capacidade para vigiar 5,2 milhões de quilômetros quadrados, uma área que equivale a 60% do território brasileiro. A Aeronáutica acredita que até o fim do ano todos os radares do Sivam estarão em funcionamento.

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