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Novo relatório confirma nível alto de metais tóxicos no Rio Pará

OESP, Metrópole, p. A17
29 de Mar de 2018

Novo relatório confirma nível alto de metais tóxicos no Rio Pará
Mercúrio, arsênio, alumínio e até urânio foram encontrados em concentração acima da permitida pela legislação brasileira

Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo
28 Março 2018 | 22h27

SÃO PAULO - Mercúrio, arsênio, alumínio e até urânio foram encontrados em concentração acima da permitida pela legislação brasileira nos resíduos lançados sem tratamento pela empresa norueguesa Hydro Alunorte no Rio Pará, entre os dias 16 e 17 de fevereiro. Essa é a conclusão de um novo relatório feito por especialistas do Instituto Evandro Chagas (IEC), apresentado nesta quarta-feira, 28.
O documento apresentou a avaliação da qualidade das águas superficiais nos canais regulares e clandestinos do Rio Pará - onde foram lançados efluentes sem tratamento. Segundo o químico Marcelo Lima, do IEC, em vários cursos d'água foram encontrados níveis elevados - superiores aos permitidos pela legislação - de cinco a seis elementos químicos tóxicos, dependendo do ponto avaliado.
"No Rio Murucupi, num trecho entre a comunidade Vila Nova e a nascente, encontramos não apenas chumbo, mas também arsênio, cromo e outros elementos tóxicos. Na nascente, verificamos também níveis muito elevados de alumínio e taxas altas de ferro e sódio dissolvido. Tudo isso coincide com o que está presente nos efluentes (resíduos) da empresa", afirmou Lima.
Na zona de mistura da água de alguns canais com a do rio há altos níveis de alumínio. As proporções de chumbo estavam de duas a cinco vezes maiores do que o permitido. No Rio Pará, o volume de água é grande e, por isso, a capacidade de diluição é maior. Ainda assim, praias e tributários (espécie de afluentes) apresentaram nível de ferro muito alto logo após o lançamento dos resíduos. Lima descarta a possibilidade de que isso seja um fenômeno natural.
Segundo o médico Marcos Mota Miranda, também do IEC, as substâncias químicas são tóxicas, mas o próprio ecossistema tem recursos para diluir os resíduos e mitigar sua toxicidade. O impacto da contaminação, diz, não depende apenas da dose, mas do tempo de contaminação. Exposições contínuas podem levar a problemas graves - neurológicas e pulmonares, por exemplo.
Apenas no dia 19 deste mês, após negar diversas vezes, o grupo norueguês Norsk Hydro reconheceu que sua fábrica de alumínio Hydro Alunorte, no Brasil, derramou água sem tratamento no Rio Pará, o maior da região. A contaminação por bauxita atingiu comunidades, ribeirinhos e quilombolas que vivem no entorno das 20 bacias de rejeitos da empresa.
Mineradora
Procurada, a Norsk Hydro informou que não teve acesso ao conteúdo integral do relatório e que vai analisar o material antes de se manifestar. Nesta terça-feira, 27, a empresa divulgou que busca acordo com as autoridades para normalizar a operação. A mineradora diz que está fazendo análises interna e independente para esclarecer o caso. A conclusão deve ser apresentada em 9 de abril.

OESP, 29/03/2018, Metrópole, p. A17

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