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Novo ministro da Justiça diz que terra "não enche barriga" de índios e ataca ONGs

Capital News- http://www.capitalnews.com.br
Autor: Marco Eusébio
12 de Mar de 2017

Mal assumiu o cargo, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio, abriu polêmica com os índios. Na terça-feira, enquanto era empossado por Michel Temer no Palácio do Planalto, lá fora índios protestavam com frases em cartaz: "Serraglio Capitão do Mato" em alusão ao fato de ele ser deputado federal em quinto mandato integrante da bancada ruralista na Câmara. Já no cargo de ministro, ele admitiu em entrevista ser contra as remarcações de terras consideradas indígenas.

"O que acho é que vamos lá ver onde estão os indígenas, vamos dar boas condições de vida para eles, vamos parar com essa discussão sobre terras. Terra enche a barriga de alguém?", disse o ministro em entrevista à Folha de S.Paulo. Ele insinou também que ONGs do setor estão desviando dinheiro público. "Ouço muito essas ONGs levando dinheiro, inclusive dinheiro oficial na saúde. A saúde do indígena. Eu vejo, você vê, os indígenas são tratados quase como uns animais".

Questionado se estava se referindo a desvios, Serraglio disse que a CPI da Funai, em andamento na Câmara e dominada por ruralistas, vai "surpreender". Embora deixe claras suas posições, o ministro afirmou que não escolherá nenhum lado na batalha entre ruralistas e índios e fala em pacificar a crise no campo usando a Constituição. Mesmo assim, a "guerra" contra os índios e as ONGs foi deflagrada e provocou reações.

"É evidente que ele não vai escolher lado porque ele só tem um lado, o do agronegócio. Ele sempre foi um deputado atuante da bancada ruralista. Para o índio, a terra é um elemento central, ela não só enche a barriga mas enche também o sentido da vida para os indígenas", disse o secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário, Cleber César Buzatto.

Em nota, a direção do Cimi diz em seu site que as declarações de Serraglio estão conectadas à intenção do "governo Temer em promover ampla e irrestrita mercantilização e concentração privada da terra, no Brasil, em benefício de interesses econômicos de capital nacional e internacional. Nesse contexto, a não demarcação das terras indígenas servirá para ampliar o alcance da pretendida venda de terras para estrangeiros (PL 4059/12), das alienações e concessões de terras públicas situadas em faixa de fronteira (Lei no. 13.178/15), da reconcentração de terras desapropriadas para a reforma agrária (MP 759/15), dentre outras".

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