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Novas técnicas para maior produção de mel

GM, Agribusiness, p. B12
14 de Set de 2004

Novas técnicas para maior produção de mel

Difundir a criação de abelhas em comunidades extrativistas, zelar pela qualidade e produtividade são os objetivos de quatro projetos de pesquisa. Estão sendo desenvolvidos pelas universidades Federal e Estadual do Maranhão voltados para o setor apícola que vão receber recursos do Fundo de Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci), administrado pelo Banco do Nordeste (BNB). Ao todo, nove projetos de pesquisa nas áreas de agronegócio no Maranhão vão receber financiamento de R$ 304,5 mil este ano.
Sob a coordenação da pesquisadora Francisca Muniz, a Universidade Estadual do Maranhão (Uema) está fazendo o zoneamento apibotânico do Maranhão, que consiste no mapeamento da florada apícola. A proposta, segundo a coordenadora, é identificar a época do ano e a região em que as plantas florescem nas sete regiões ecológicas do estado. "O objetivo é fazer um calendário de florada para orientar o apicultor", afirma.
Com este calendário, o apicultor vai poder saber qual a época da florada em determinada região e poder deslocar as abelhas para que sejam alimentadas. A vantagem para o produtor é a garantia de produção da colméia a custo baixo, pois na época em que a florada é pequena ou inexistente, ele é obrigado a alimentá-las com xarope, segundo a pesquisadora. O Piauí, conforme afirma, já trabalha com apicultura migratória.
A Uema também está patrocinando outros dois três projetos na área de apicultura, dos quais um é voltado para a reprodução em laboratório da abelha indígena Tiuba para análise do processo de cópula. Típica do Maranhão, a Tiuba, segundo a pesquisadora Eleuza Tenório, não possui ferrão, produz um mel suave, menos enjoativo e é muito apreciado no estado.
A produtividade da Tiuba, no entanto ainda é baixa. Em virtude das queimadas, a abelha corre o risco de desaparecer. A pesquisa da Uema pretende, em primeiro lugar, selecionar para obter um plantel mais produtivo e incentivar a utilização no estado para a produção do mel e derivados. "A qualidade do mel da Tiuba é muito boa. Tem um sabor mais delicado", observa a pesquisadora Eleuza Tenório. A universidade quer ainda estimular a atividade em comunidades extrativistas como forma de gerar emprego e ampliar renda das famílias de baixa renda no interior do estado.
Enquanto a Uema busca incentivos para a produção e para aumentar a produtividade, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) busca melhor qualidade para o produto. A instituição pretende criar o selo de qualidade para a apicultura maranhense.
O objetivo deste trabalho, é estabelecer padrões de qualidade que garanta o consumo dentro e fora do país. O projeto, inicialmente, será desenvolvido em 10 municípios produtores, com análises em laboratório. Ao final dos trabalhos, segundo uma das coordenadoras do projeto, pesquisadora Maria Célia Pires Costa, as informações vão ser repassadas aos apicultores, com o intuito de que seja feito todo um trabalho que para melhorar a qualidade do produto. "O mel é um produto extraordinário, mas nunca foi desenvolvido nenhum programa de qualidade", observa a pesquisadora.
Os pesquisadores da UFMA e Uema dedicados ao estudo do mel compõem o Grupo de Controle da Qualidade do Mel, criado em 2001 na universidade estadual e incentivado pela Embrapa Meio Norte,no Piauí. O interesse pelo mel, segundo a pesquisadora Célia Costa e coordenadora do grupo, tem uma razão muito simples. Ao contrário de outras regiões do país, o mel só é utilizado como alimento no Sul e Sudeste, fruto da influência da imigração européia.
"Nas demais regiões do território nacional, o mel é considerado um remédio e só consumidor quando se está doente. Existe um imenso mercado para o consumo do produto", avalia Célia Costa, destacando ainda que a intenção da Embrapa, que busca a parceria das universidades nas pesquisas, é que o mel conquiste o mercado para que a população possa utilizá-lo também como alimento, além de gerar emprego e renda no setor.
A produção atual de mel no Maranhão é de cerca de 250 toneladas por ano, de acordo com o coordenador do Fórum Maranhão/Mel no Estado, José Fonseca. A tendência, em dois anos, segundo o coordenador, é que haja aumento da produção. No momento, o produto maranhense é consumido no Estado e comercializado para o Ceará e Piauí. Os municípios de Santa Luzia do Paruá e São João Batista (este último localizado na região da Baixada Maranhense) são os maiores produtores. Entre os meses de junho a agosto, o Banco do Nordeste financiou 120 projetos de produção de mel de pequenos produtores da região da baixada, no valor total de R$ 150 mil.
Os recursos do Fundeci no Maranhão também vão financiar projetos de pesquisas no setor da agricultura. A intenção dos seus idealizadores é elevar o nível tecno-lógico no campo envolvendo a utilização de roçadeira mecânica no cultivo de mandioca. O outro, apresentado pela Uema, pretende aplicar os campos naturais para cultura do arroz orgânico e avaliar a eficiência de resíduos orgânicos incorporados ao solo, em sua forma "in natura", para obter o biocontrole da murcha bacteriana em tomateiro. Ainda na área de agricultura, a Ufma deverá realizar uma pesquisa sobre o controle de qualidade da farinha do mesocarpo do babaçu, para o consumo como alimento e medicamento.

kicker: Universidades do Maranhão desenvolvem projetos para comunidades extrativistas

GM, 14/09/2004, Agribusiness, p. B12

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