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Nova política de meio ambiente da Sabesp

FSP, Tendências/Debates, p. A3
Autor: OLIVEIRA, Gesner
02 de Nov de 2007

Nova política de meio ambiente da Sabesp

Gesner Oliveira

O tempo para enfrentar os desafios do meio ambiente está esgotado. Governo, empresas e famílias precisam mudar. Seguindo a orientação do governo José Serra, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem adotado várias providências nessa direção. Um exemplo é o programa de investimentos de quase R$ 6 bilhões no período 2007-2010, 52% dos quais destinados ao esgotamento sanitário.
Não há mais lugar para negligência em relação ao meio ambiente. Empresas tradicionais de água e esgoto que não atribuem papel central à sustentabilidade ambiental estão fadadas ao desaparecimento na próxima década.
A nova política ambiental da Sabesp, submetida a cem dias de consulta pública pela internet e a duas audiências públicas, colocará a companhia na rota da sustentabilidade. Destaquem-se oito compromissos assumidos nesse processo e constantes do programa de metas da empresa.
Em primeiro lugar, estão sendo ampliadas as ações do programa de uso racional da água (Pura), voltado ao combate ao desperdício. Sua aplicação em prédios públicos tem levado a uma economia média nas contas de água da ordem de 50%. Some-se a isso a introdução da medição individualizada de condomínios programada para fevereiro de 2008, permitindo controle por parte do consumidor de seu esforço de poupança de água.
Em segundo lugar, a Sabesp aumentará seu fornecimento de água de reúso. Países como Israel têm logrado êxitos formidáveis nessa área. A Sabesp já tem iniciativas pioneiras e está determinada a adotar as melhores práticas. A água de reúso é produzida em estações de tratamento de esgoto e, conforme o padrão de qualidade requerido, tem sido utilizada para várias finalidades, como lavagem de ruas por subprefeituras do município de São Paulo e processos industriais.
A Sabesp fornece atualmente cerca de 100 mil m3/mês. Esse nível é um dos maiores da América Latina e deverá, no mínimo, ser duplicado nos próximos 18 meses.
Em terceiro lugar, será contratado até dezembro deste ano um inventário dos gases de efeito estufa, permitindo explorar todas as possibilidades de redução das emissões e conseqüente obtenção de créditos de carbono. Interessam em particular os créditos oriundos do plantio de florestas nativas em vários mananciais, o uso do biogás gerado nos biogestores de lodo e a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em suas represas.
Em quarto lugar, a partir de 2008, o relatório de administração da empresa conterá balanço ambiental, tornando transparentes os impactos das ações da Sabesp no meio ambiente. Em quinto lugar, a Sabesp está determinada a integrar, a partir de 2009, a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa. Trata-se de grupo relativamente seleto que, atualmente, compreende 33 empresas.
Em sexto lugar, a Sabesp universalizará o tratamento de esgoto em mais de 230 municípios até dezembro de 2010, considerando-se as áreas urbanas consolidadas. Com os projetos de médio e longo prazo em fase de preparação, especialmente as etapas futuras do projeto Tietê, será possível chegar aos 100% de tratamento de esgoto em todos os municípios operados em uma década.
Em sétimo lugar, estão sendo ampliadas e fortalecidas as parcerias com centros de pesquisa e inovação das principais regiões do planeta, de forma a propiciar tecnologias de última geração à altura dos enormes desafios do saneamento ambiental. Ressalte-se, entre outras ações, a busca de soluções para destinações técnica, econômica e ambientalmente adequadas para o lodo gerado em estações de tratamento de água (ETAs) e estações de tratamento de esgoto (ETEs).
Em oitavo lugar, a empresa está comprometida com o enquadramento na chamada ISO 14.001, uma das certificações mais rigorosas do ponto de vista ambiental. A primeira fase ocorrerá até dezembro de 2010, abrangendo 10% das unidades operacionais, equivalente a 65 estações de tratamento de água ou de esgoto. Atualmente há quatro ETEs certificadas na região metropolitana de São Paulo.
Do ponto de vista empresarial, a questão ambiental deixou de ser um problema para se tornar uma oportunidade de expansão dos negócios da companhia. Do ponto de vista de sua missão pública, a proteção ambiental deixou de ser mero complemento do programa de trabalho para se tornar a própria razão de ser da Sabesp.

Gesner Oliveira, 51, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), professor da FGV-EAESP, é presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e ex-colunista da Folha.

FSP, 02/11/2007, Tendências/Debates, p. A3

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