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Nova orquídea ganha o nome de Adamantina

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Sandra Tavares
28 de Out de 2009

A família Orchidaceae (orquídeas) é uma das maiores do reino vegetal e é conhecida por sua beleza e por suas relações ecológicas incomuns. São importantes em muitos ambientes, principalmente nas regiões tropicais. Apesar disso, a maioria delas ainda tem sua ecologia desconhecida.

No Parque Nacional da Chapada Diamantina, unidade de conservação do Instituto Chico Mendes localizada na Bahia, há pelo menos 170 espécies de orquídeas já listadas, mas com certeza muitas outras ainda descobertas.

Pesquisa coordenada pelo chefe-substituto do parque, o analista ambiental Cezar Neubert Gonçalves, e apresentada no I Seminário de Iniciação Científica do ICMBio, descreveu pela primeira vez um fruto desta espécie, obtido por meio de polinização artificial. A pesquisa avaliou fatores que pudessem influenciar no sucesso reprodutivo dessa espécie. A população monitorada foi de sete indivíduos, todos floridos em março deste ano.

O COMEÇO - Durante curso promovido em 2004 em Feira de Santana (BA), o pesquisador Cássio van den Berg, da Universidade Estadual de Feira de Santana, mostrou ao analista ambiental Cezar Gonçalves uma foto de uma planta da Chapada. "Concluímos que aquela planta era realmente diferente de tudo o que se conhecia na época. E, por sorte, dois dias depois um estudante da faculdade me mostrava fotos da Chapada quando reconheci imagens desta planta em um local acessível. Corremos para lá e a encontramos", destaca Gonçalves.

O que o analista ambiental descobriu foi que a orquídea realmente não se parecia com nenhuma outra planta conhecida. Foi quando o pesquisador Cássio fez a análise de DNA da planta e concluiu que ela era uma espécie de fóssil vivo entre as plantas do seu grupo. "A coisa mais parecida era uma espécie mexicana e escrevemos um artigo descrevendo-a. Daí demos a ela o nome de Adamantinia miltonioides, o primeiro em referencia à Chapada Diamantina e o segundo por ela se parecer com outra orquídea chamada Miltonia", frisa Gonçalves.

De lá para cá, os pesquisadores monitoraram as plantas da população que o estudante havia fotografado. Um projeto foi montado, junto com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (Cecat), para tentar entender melhor esta planta: onde ela ocorre, qual a relacão dela com o ambiente, quais as suas características.

"Foi dentro deste escopo que fizemos o trabalho apresentado no seminário: testamos polinizar várias flores para ver se obtínhamos sementes. Das 14 tentativas que fizemos, apenas uma deu certo. Como o fruto nunca tinha sido visto antes e como não se sabia nada sobre a planta, fizemos o painel apresentado no seminário", diz César.

O projeto ganhou apoio do Cecat/ICMBio para o período de 2009/2010. Além desta espécie, aborda outra orquídea que só ocorre na Chapada Diamantina, chamada Thelychista ghillanyi.

Em expedição promovida dia 23 de setembro pela equipe de pesquisadores do parque, o grupo teve a sorte de encontrar mais uma população de Adamantinia. "Com isto, o número total de plantas conhecidas desta espécie passou de 11 para 34, todas dentro do parque. A localização exata destas plantas é mantida em segredo para evitar que coletores as arranquem - o que pode levar esta rara espécie à extinção, desaparecendo para sempre", comemora Gonçalves.

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