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Nova Atlântida aposta em estratégia ambiental

O Estado - www.oestadoce.com.br
12 de Set de 2008

A aula era diferente: dia de visita ao mangue e aprendizagem sobre cuidados com a natureza. Mais de 60 alunos da localidade de Marinheiros, em Itapipoca, participaram ontem da Campanha de Preservação do Meio Ambiente, organizado pelo Empreendimento Nova Atlântida em parceria com o Grupo Espanhol Afirma. Ao fim da atividade, cada aluno saiu com a sua muda de planta e com a memória viva sobre a necessidade de preservação ambiental. "Gostei muito do passeio, pois a gente teve oportunidade de aprender mais sobre os segredos e mistérios do mangue e tivemos um dia especial fora da sala de aula. Vou plantar a muda na frente da minha casa", afirmou Marden Moura, 14, aluno do oitavo ano. O Projeto vai se expandir até as salas de aula, momento esse em que professores e estudantes poderão trocar experiências sobre o passeio. "Acreditamos que as crianças são agentes multiplicadores da comunidade. O que vão aprender aqui levarão para o restante da sua família", disse o coordenador do Projeto, Flávio Costa.

As centenas de mudas desenvolvidas pelo Projeto acabaram rapidinho: todo mundo queria levar a sua. O adolescente Jackson Sampaio, 15, aluno do 7o ano, demonstrava sua alegria com a nova conquista: "vou levar minha muda para casa e cuidar dela com muito carinho. Aprendi que a natureza deve ser preservada para que a gente possa viver bem na nossa cidade." O tema da educação ambiental foi apresentado pelos professores da Escola de Ensino Fundamental Vila dos Pracianos. "Além de se divertirem e terem um dia diferente, os estudantes tiveram oportunidade de conhecer mais o lugar em que moram e reforçar os laços de identidade com a sua cultura", disse o Coordenador Pedagógico, Valdeni Alexandre.

Além de palestra, os alunos tiveram oportunidade de visitar áreas de mangue e preservação, de aprender como se faz o plantio da muda e conhecer mais sobre o Empreendimento Nova Atlântida, orçado em R$ 15 bilhões e que ocupará área de 3,1 mil hectares na Praia da Baleia, em Itapipoca.

»Apaziguando conflitos. O Empreendimento Nova Atlântida, que atualmente se encontra barrado pela Justiça, é motivo de constantes conflitos entre os empresários e a comunidade tradicional indígena, de origem, em sua maioria, Tremembé. Mais de 124 famílias residem na localidade. Segundo Flávio Costa, uma parcela da comunidade é resistente à implantação da Nova Atlântida: "Essa atividade é para tentar mostrar para as pessoas que as nossas ações aqui são para trazer o desenvolvimento. Uma média de 30% da comunidade é contra a construção do Empreendimento. Eles resistem e criam conflitos. Nós estamos oferecendo mais de 80 empregos diretos. Tinha até gente que se dizia índio que negou sua origem e hoje trabalha com a gente e se diz mais feliz. Aqui em Itapipoca não tem índio", afirmou Flávio.

Refutando a afirmação do coordenador Flávio Costa, Maria Amélia Leite, da Missão Tremembé, expõe que "ninguém, a não ser os próprios índios, podem definir sua identidade. A Convenção Internacional 169 da Organização Internacional do Trabalho traz que somente os próprios indígenas têm autoridade para se dizerem indígenas ou não. Quando essa empresa Nova Atlântida chegou em Itapipoca, os Tremembé já estavam lá há muito tempo. Não é qualquer um, que vem com violência e autoridade, que vai tirá-los de seu lugar e destruir sua memória."

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