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Nota técnica da Funasa: Situação epidemiológica do Vale do Javari

Funasa-Brasília-DF
05 de Mai de 2004

No que diz respeito à situação epidemiológica do Vale do Javari, a Fundação Nacional de Saúde esclarece que realiza investigações epidemiológicas sobre a incidência de vários tipos de hepatite e outras doenças virais na região desde 1993. Inquéritos sorológicos detalhados sobre o assunto foram realizados em 1995 e em 2001, proporcionando um diagnóstico etiológico dos casos de Síndrome Febril Íctero-Hemorrágica Aguda (SFIHA).

Em função dos resultados dessas investigações, foram desenvolvidas diversas etapas vacinais, priorizando-se esquemas de imunização diferenciados para na população indígena da região com o propósito de reduzir a vulnerabilidade a hepatites. Em 2002, foi definida uma estratégia de intervenção a partir da análise do risco populacional com base no número de casos, na região e no deslocamento dos indígenas. Dentre as ações propostas foram incluídas o diagnóstico do estado vacinal, monitoramento dos índios sabidamente infectados, remoção dos casos sintomáticos e das gestantes HBsAg + para atendimento hospitalar, tratamento adequado aos recém-nascidos (imunização com menos de 12 horas e aplicação de gamaglobulina), ações educativas nas aldeias atingidas, com enfoque na cadeia de transmissão, identificação dos contactantes e incremento da infraestrutura da rede de serviços para melhorar as condições de imunização, diagnóstico e tratamento da população local.

Apesar de todos esses esforços, e de uma missão aérea e fluvial levada a efeito em setembro de 2003 nas aldeias localizadas no alto Javari, médio Curuçá, alto Curuçá, médio Ituí, alto Ituí e alto Itaquaí para impedir a circulação do vírus da hepatite A e interromper a cadeia de transmissão da hepatite B, um novo surto de óbitos por SFIHA ocorreu em novembro daquele ano. Antes mesmo do surto, o Programa Nacional das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, em parceria com o Departamento de Saúde Indígena da Funasa, com o Programa Nacional de Imunizações, a Gerência Técnica de Doenças Emergentes e Reemergentes e a Coordenação Geral de Laboratórios, todos da Secretaria de Vigilância em Saúde (MS), bem como a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e Secretaria de Saúde daquele Estado elaboraram um "Plano de Ações para Vigilância e Controle das Hepatites no Vale do Javari".

O problema das hepatites virais no Vale do Javari está sendo abordado de modo interinstitucional, incluindo a participação dos Pelotões de Fronteira do Exército e do Hospital de Guarnição de Tabatinga (AM), estando em fase de estruturação a rede de laboratório com definição de fluxos e fornecimento de kits diagnósticos. A estratégia de vigilância epidemiológica com a abordagem sindrômica está sendo implementada com o objetivo de aumentar a sensibilidade do sistema e a oportunidade para a adoção de medidas de prevenção e controle adequado, de acordo com orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Deste modo, inquéritos, feitos por instituições de pesquisas ou pelo próprio Ministério da Saúde, determinaram o perfil sorológico das hepatites virais na região do vale do Javari. O problema central não está propriamente na ausência de ações diagnósticas, mas na necessidade de elucidação de outros fatores e agentes etiológicos e ambientais intervenientes que criam um quadro de enfermidade de tal gravidade levando aos óbitos.

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