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Nota à imprensa

Funasa-Brasília-DF
08 de Mar de 2006

Sobre a ação desenvolvida na reserva Apinajé (TO) e com base nos três
relatórios apresentados pelas equipes que estiveram no local, a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) informa:

o A Funasa, tão logo foi informada das mortes de crianças apinajés, em
janeiro, enviou uma força tarefa, composta por profissionais de saúde,
de educação em saúde e de engenharia ambiental para investigar os
casos e tomar medidas emergenciais para resolver o problema. A equipe
chegou na área no dia 18 de janeiro;

o Foram tomadas as seguintes medidas: análise da água e avaliação
médica e nutricional de todas as crianças.

ANÁLISE DA ÁGUA

o Foram realizados exames a partir de nove amostras coletadas dos
poços artesianos da aldeia São José, córrego Bacaba e córrego São José;

o De acordo com o resultado do exame realizado pelo Lacen, a água do
poço, consumida pelos índios, atende ao padrão para uso humano;

o No restante das amostras de água examinadas, os técnicos do Lacen
constataram a presença de coliformes totais superior ao indicado para
consumo humano;

o Como medida preventiva, a Funasa realizou a desinfecção das caixas
d'água que abastecem sete aldeias da reserva Apinajé;

o Além disso, foi enviado para o local um laboratório móvel que
realizou monitoramento da qualidade da água que é consumida nas aldeias;

Conclusão: De acordo com o resultado das amostras e com o levantamento
dos técnicos de saneamento ambiental, não há relação entre a qualidade
da água e a incidência de casos de diarréia nas crianças apinajés.

AVALIAÇÃO MÉDICA

o As equipes médicas da Funasa realizaram atendimento e visitas
domiciliares em todas as aldeias da reserva;

o Todas as crianças que apresentaram sintomas relacionados a problemas
de saúde receberam atendimento, tanto das equipes de saúde da Funasa,
quanto dos Hospitais Municipais quando foi necessário encaminhamento.

o De janeiro de 2005 até hoje, foram registradas 15 mortes de crianças
na região;

Conclusão: A possibilidade de surto na reserva Apinajé foi descartada.
Os casos de diarréia e gripe registrados correspondem a um aumento
sazonal dessas doenças que acontece no Estado, no período de dezembro
a março e junho a julho, de acordo com informações levantadas pelas
secretarias de Vigilância Epidemiológica do Governo Estadual e
Municipal e pela equipe da Fundação.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

o Para dar continuidade aos trabalhos de avaliação médica e fazer um
criterioso levantamento do estado nutricional das crianças, a Funasa
enviou, no dia 31 de janeiro, uma outra equipe formada por médicos,
enfermeiros e nutricionistas do Departamento de Saúde Indígena (Desai)
e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins (Dsei/TO);

o A equipe realizou pesagem e aferição de estatura de 283 crianças
menores de 5 anos, ou seja 94,3% das 300 que moram na reserva. Só não
foram avaliadas aquelas que não estavam nas aldeias;

o Todas essas crianças passaram por criteriosa avaliação clínica e
nutricional;

Conclusões: O total de crianças abaixo do peso - considerando-se todas
as aldeias avaliadas - é de 15,5%. Em 2003, este índice era de 17%;

As aldeias onde há maior prevalência de crianças com peso abaixo da
média são: Bonito (23%), São Jose (20,3%), Botica (18,7%) e Mariazinha
(16,6%);

Em geral, as crianças com algum déficit de peso encontram-se na faixa
etária de 08 a 24 meses, período em que saem do aleitamento materno e
passam a consumir outros alimentos;

OUTRAS INFORMAÇÕES:

o Sobre as condições nutricionais das aldeias, foi verificado que
aquelas com maior densidade populacional apresentaram maior
vulnerabilidade nutricional, como é o caso da São José e da
Mariazinha, que tem, respectivamente, 600 e 200 moradores. As
condições de higiene e produção de alimentos ficam prejudicadas nas
aldeias mais populosas;

o As aldeias mais distantes apresentam melhor situação nutricional
devido à disponibilidade de alimentos provenientes de caça, roças e
coleta.

o O lixão do município de Tocantinópolis localiza-se nas proximidades
da aldeia São José, onde ocorreu a maior parte das mortes, aumentando
o risco de infestação de insetos e roedores e a disseminação de doenças;

o A equipe estabeleceu um protocolo de acompanhamento das crianças com
peso abaixo da média com recomendações a serem seguidas pelos
enfermeiros, técnicos de enfermagem e Agentes Indígenas de Saúde (AIS)
que atendem a área.

o O protocolo inclui visitas domiciliares, pesagem e implantação de
suplemento alimentar;

o As crianças com peso abaixo da média estão sendo assistidas,
semanalmente, com verificação de peso, para acompanhar a evolução
nutricional.

o Além disso, os profissionais que atuam na área foram orientados
sobre o preparo da suplementação. Foi firmada uma parceria com o
Pró-Vida do Governo do Tocantins e todas as crianças com peso abaixo
da média estão recebendo suplemento alimentar. Também estão sendo
distribuídas cestas básicas para essas crianças.

o A Funasa está promovendo a discussão com outros parceiros quanto a
questão nutricional, já que a saúde detecta o problema mas não é o
principal ator responsável.

o A equipe iniciou a implantação do Programa de Vigilância Alimentar e
Nutricional no Pólo-Base de Tocantinópolis. Em seguida, o programa
deve ser implantado no Dsei Tocantins. O programa é um sistema para
descrever e predizer de maneira contínua, tendências das condições de
nutrição e alimentação de uma população e seus fatores determinantes,
para o planejamento e avaliação de políticas, programas e ações.

o A equipe do Pólo-Base de Tocantinópolis está dando continuidade aos
trabalhos já iniciados verificando o cumprimento das recomendações,
como o protocolo de acompanhamento;

o Por fim, ressaltamos que a Funasa está mantendo vigilância intensa.
Para dar continuidade aos trabalhos, de forma permanente, a equipe que
atende a reserva está sendo ampliada para prevenir novos problemas de
saúde na população indígena.

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