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Nota do CTI sobre o assassinato de Clodiodi de Souza Guarani Kaiowá

CTI- http://www.trabalhoindigenista.org.br
15 de Jun de 2016

O Centro de Trabalho Indigenista se solidariza com a comunidade Guarani e Kaiowá do tekoha Tey'i Juçu, na Terra Indígena Dourados-Amambaí Peguá, município de Caarapó, Mato Grosso do Sul. Na terça-feira, 14/06/2016, a comunidade foi atacada por uma milícia formada por fazendeiros locais armados e pistoleiros. Do massacre resulta o assassinato de Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza Guarani Kaiowá, de 26 anos, que morreu na aldeia após ser ferido com dois tiros.

Uma criança Guarani Kaiowá, Josiel Benites, de apenas 12 anos, também foi baleado na barriga e levado gravemente ferido para o hospital. Pelo menos outros dez indígenas foram gravemente feridos no ataque promovido pela milícia de fazendeiros que expulsou a comunidade de seu território ancestral.

No Mato Grosso do Sul tem se tornado recorrente as ações de milícias que sem respaldo legal, atuam como justiceiros em causa própria e expulsam as comunidades indígenas de terras em disputas judicializadas pelo Estado brasileiro. É inadmissível, para aqueles que creem na solução dos conflitos por vias legais, constatar que essas práticas estão se espalhando por outras regiões onde os povos indígenas reivindicam seus direitos territoriais.

Na região oeste do Paraná, onde o Centro de Trabalho Indigenista atua junto às comunidades Guarani, milícias de fazendeiros vêm atuando livremente. Na última semana, a Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade (Ongdip) divulgou amplamente nas redes sociais uma convocatória para que proprietários do município de Guaíra e região se organizassem para expulsar a comunidade do tekoha Mirim. Na ocasião, essa comunidade teve suas casas queimadas, seus animais foram espantados e os indígenas expulsos com ameaças de morte.

Tudo isso em um cenário político de crescentes ataques aos direitos dos povos indígenas garantidos pela Constituição de 1988, seja na paralisia dos processos de demarcação no Executivo, seja nas inúmeras propostas que tramitam no Congresso Nacional dominado por representantes de setores empresariais e do agronegócio ou na CPI da Funai e do Incra. A referida CPI, estabelecida com o claro objetivo de deslegitimar demarcações de terra que seguiram rigorosamente os procedimentos legais, contribui para aumentar o ódio contra indígenas e quilombolas que lutam pelo direito de ocupar seus territórios tradicionais.

Por fim, nos resta lamentar a pouca repercussão na imprensa que mais um grave ataque aos direitos humanos tem em nosso país.

O CTI reitera sua solidariedade com as comunidades Guarani e Kaiowá e se posiciona do lado daqueles que lutam pelo direito de viver de maneira tradicional em seus territórios.

http://www.trabalhoindigenista.org.br/noticia/nota-do-cti-sobre-o-assas…

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