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Norte e Centro-Oeste: regiões que mais cresceram

O Globo, O País, p. 9
30 de Nov de 2010

Norte e Centro-Oeste: regiões que mais cresceram
Dados do Censo mostram que Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná tiveram menor crescimento populacional

Carolina Benevides, Cássia Almeida, Dandara Tinoco e Juliana Castro

A população da região Norte foi a que mais cresceu no país nos últimos dez anos, revelou o Censo 2010, divulgado ontem pelo IBGE. Em 2000, eram 12.900.704 habitantes, contra 15.865.678 neste ano, um crescimento de 22,98%. A região Centro-Oeste está logo atrás: saltou de 11.636.728 para 14.050.340 moradores, uma alta de 20,74%. Já o Sul e o Sudeste tiveram os menores crescimentos, com 9,07% e 10,97%, respectivamente.
Entre os estados, os destaques de crescimento foram para o Amapá (40,18%), Roraima (39,10%) e Acre (31,44%). Por outro lado, os menores percentuais ocorreram no Rio Grande do Sul (4,98%), Bahia (7,28%) e Paraná (9,16%).
A pesquisa mostrou também que os municípios de médio porte são os que mais crescem. Entre 2000 e 2010, a participação das cidades com até 100 mil habitantes passou de 48,9% para 45,3%. Já as cidades com entre 100.001 e 2 milhões passaram de 36,1% para 40,3%. Já as com mais de 2 milhões passaram a concentrar de 14,7% para 14,5% da população. De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, este foi um fator surpresa do Censo 2010:
- Os pequenos municípios são áreas repulsoras de população. É dali que nascem fluxos migratórios em direção a outras áreas. Hoje, o que a gente observa é que quem mais absorve não são mais as grandes metrópoles, mas as cidades de porte médio. Aumenta a importância demográfica social e econômica dessas cidades.
O presidente o IBGE destaca ainda que a maior concentração demográfica no Brasil continua sendo no litoral. No entanto, há o surgimento de cidades de maior porte no Centro-Oeste.
Polos econômicos motivam aumento da população
- As cidades que mais crescem estão exatamente em locais que são novos polos econômicos. Principalmente a região Centro-Oeste, que é a região que mais destaca com ritmo de crescimento grande e dimensão social e econômica também grande. Já nos municípios onde a gente projetava crescimento menor, observamos um ritmo superior, como em capitais como Palmas e Tocantins, e também em municípios como Sorriso e Lucas do Rio Verde, áreas do grande agronegócio brasileiro que tiveram crescimento bastante expressivo - disse Pereira Nunes.
Estado que mais cresceu no Brasil, o Amapá, segundo Augusto César Pinheiro da Silva, professor de geografia da PUC/Rio, tem atraído um fluxo migratório grande por conta do crescimento econômico:
- Empreendimentos na região fazem com o que o estado se torne atrativo. Além disso, a distribuição de renda e as melhorias nas condições de saneamento e distribuição de água, por exemplo, contribuem para que as taxas de mortalidade caiam e aumentam a qualidade de vida. Essas mudanças contribuem para ampliar o fluxo migratório.
Para Pinheiro da Silva, o Sul e o Sudeste estão perto da estabilização do fluxo demográfico.
- Nos anos 70 havia um fluxo migratório intenso, mas a urbanização fixa a população nas cidades. E quanto maior o processo de urbanização, maior a queda na taxa de fertilidade. O Rio Grande do Sul, estado que cresceu menos, já entrou no processo da transição demográfica, quando as famílias fazem ajustes no número de filhos que querem ter, quando já há redução da taxa de mortalidade e aumento da qualidade de vida.
Professora do departamento de geografia da USP, Valéria de Marcos explica que quanto mais desenvolvimento econômico um estado tem, mais chances tem diminuir naturalmente as taxas de natalidade:
- São Paulo foge à regra porque reúne pessoas de todos os cantos do Brasil. Mas quanto mais bem-estar a população tiver, maior a tendência de estabilizar o crescimento.

O Globo, 30/11/2010, O País, p. 9

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