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No Sul, maior parte da soja e transgenica

OESP, Geral, p.A8
11 de Out de 2004

No Sul, maior parte da soja é transgênica
Agricultores usam sementes clandestinas ou guardadas de outras safras
O plantio da safra de soja transgênica deste ano vai depender de sementes multiplicadas de variedades contrabandeadas da Argentina na década de 90 e armazenadas pelos próprios produtores rurais ou comercializadas no mercado paralelo. As empresas que produzem sementes certificadas só podem atender à demanda em 2005. Mesmo assim, o cultivo precisa ser autorizado nos próximos dias, avisa o presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) e presidente em exercício da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem), Narciso Barison.
Se os agricultores quisessem ou fossem forçados a plantar a semente convencional, teriam de mudar de cultura. "Temos sementes para apenas 10% da lavoura", diz. É o porcentual que os produtores do Rio Grande do Sul ainda cultivam. "Na nossa região 90% dos produtores vão plantar soja transgênica", diz o agrônomo Jairton Dezordi, diretor da Cooperativa Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa), com 5 mil associados em 12 municípios.
Antes da chegada das sementes transgênicas, as empresas produziam e vendiam 60% da demanda da safra aos produtores gaúchos. Os outros 40% eram retirados da produção anual do grão e reservados como sementes pelos próprios agricultores. Como o comércio da sementes transgênicas sempre foi clandestino, a produção certificada da convencional foi minguando e com ela o movimento econômico das empresas. Dos 230 produtores certificados em 1997 sobraram 143. Foram extintos 520 postos de trabalho permanentes e 3,7 mil temporários. A venda caiu de 127 mil para 23 mil toneladas. E o faturamento baixou de R$ 153 milhões para R$ 28 milhões.
Como não há nem sementes convencionais e nem transgênicas certificadas no mercado, os agricultores vão plantar o grão que guardaram. Para o diretor jurídico da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), Nestor Hein, os produtores estão tranqüilos e só querem a medida provisória para afastar qualquer hipótese de ações na Justiça. "Os casos de contrabando ocorreram há mais de cinco anos e estão prescritos."
Empresas como Embrapa, Pioneer, Monsanto, Coodetec, Fundacep e Fundação Mato Grosso têm 8 mil toneladas de sementes transgênicas certificadas que, se plantadas e multiplicadas, produziriam o que seria suficiente para abastecer 60% da área cultivada com soja no Brasil. "Seria a retomada dos negócios de diversas empresas", diz Barison.

OESP, 11/10/2004, p. A8

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