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No Sul, agricultores demonstram alivio

OESP, Geral, p.A12
15 de Out de 2004

No Sul, agricultores demonstram alívio
Bancos estavam condicionando financiamento à assinatura da MP
Elder Ogliari
PORTO ALEGRE - Os agricultores gaúchos trabalharam ontem aliviados diante da possibilidade, que acabou se confirmando, de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar a medida provisória que autoriza o plantio da soja transgênica. O primeiro sinal de que Lula assinaria mesmo a MP foi dado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que disse, ainda de manhã, que o texto seria editado até o final do dia. O segundo foi emitido pelo deputado federal Beto Albuquerque, ao entardecer, quando confirmou que Lula anunciaria a medida até o início da noite.
"É uma alegria saber disso", comentou o produtor Valdemar Bonatto, de Cruz Alta, enquanto recolhia o equipamento usado durante todo o dia para dessecar ervas crescidas na área que estava cultivada com aveia e azevém e deixar o terreno pronto para o plantio da soja transgênica, daqui a 12 dias. A preferência pelo grão geneticamente modificado é justificada com o mesmo argumento de 10 entre 10 produtores do Estado. "O custo da lavoura diminui até 25%", afirma Bonatto.
Outro agricultor de Cruz Alta, Édison Araújo, também passou o dia aplicando herbicida na área reservada para a soja sem dar muita importância às notícias que chegavam de Brasília. "O cultivo da soja transgênica é irreversível", comentou, demonstrando a certeza de que vai plantar, a partir do dia 25, já dentro de algum marco legal.
Apesar das certezas, os produtores não escondiam a pressa de ver a medida provisória assinada. Alguns bancos privados não estavam liberando os financiamentos para o custeio da safra enquanto não existisse o marco legal.
"Ainda espero o empréstimo do Bradesco", revelou Araújo.
Clientes do Banco do Brasil, o maior financiador da área, também sofreram com atrasos, mas o motivo foi outro, a greve dos bancários. O banco, que deve repassar R$ 595 milhões aos agricultores gaúchos em outubro, não está colocando obstáculos à liberação dos financiamentos.
Mas exige que o agricultor assine um termo de compromisso garantindo que cultivará o grão autorizado pela lei, explica o gerente de agronegócios da superintendência do Rio Grande do Sul, José Mauro de Lima Alves. Como o texto faz referência genérica ao marco legal e não à soja convencional, os agricultores tinham de assumir o compromisso na convicção de que a autorização para o cultivo de transgênicos chegaria com a medida provisória.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, disse que a medida provisória chega um pouco tarde. Os agricultores gostariam de ter passado a fase de preparação do solo para o plantio já dentro da tranqüilidade do marco legal. "Mesmo sem a medida provisória, orientamos todos para que assinassem o termo do Banco do Brasil na certeza de que a autorização viria", revelou Pinheiro. "E o pessoal se preparou para plantar porque já havia superado o medo."
OESP, 15/10/2004, p. A12

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