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No Rio, elevação do nível do mar atingirá a Baixada

OESP, Vida, p. A30
24 de Mar de 2007

No Rio, elevação do nível do mar atingirá a Baixada

Mara Bergamaschi

A elevação persistente do nível do mar, provocada pelo aquecimento global, exigirá que as cidades litorâneas invistam em obras para manter a urbanização de suas praias, conter enchentes nas áreas de baixadas e preservar as fontes de captação de água doce, que poderiam se tornar salobras. Construir amenizando o calor será outro desafio desta nova área de estudos batizada ontem de "engenharia climática" pelo professor Luiz Pinguelli Rosa, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Pinguelli coordenou ontem um seminário com professores da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) em que foram analisados os efeitos de uma suposta elevação, no período de 100 anos, de até 60 cm do nível do mar sobre o município do Rio - cenário válido também, em princípio, para outras regiões litorâneas.

No caso do Estado do Rio, os pesquisadores demonstraram que a Baixada Fluminense seria a mais prejudicada pelo fenômeno. Isso porque mais água do mar e das chuvas chegaria aos rios que cortam a Baixada. As enchentes, que já ocorrem hoje, se tornariam mais freqüentes e severas, penalizando as populações que ocupam essas áreas.

"As conseqüências mais graves não atingiriam a orla das classes altas, mas os mais pobres", afirmou Pinguelli. "Copacabana e Ipanema não seriam inundadas", acrescentou. "É claro que não afastamos a possibilidade de desastres como furacões, mas há muito exagero e catastrofismo."

ILHAS DE CALOR

Além de sofrer com as enchentes, a Baixada Fluminense também concentraria as chamadas "ilhas de calor", resultantes do aumento das temperaturas. E também estaria mais sujeita, no futuro, a surtos de doenças tropicais. Para evitar grandes tragédias, não bastariam obras de infra-estrutura: moradores teriam de ser retirados das áreas inundáveis.

Já a região mais rica da cidade do Rio, a zona sul e a Barra da Tijuca, precisariam investir em urbanização para manter as boas condições de suas praias. Especialista em Engenharia Costeira e Oceanográfica, o professor da UFRJ, Paulo Rosmam explicou que, com a subida da maré, essas praias teriam de receber grande quantidade de areia, que poderia ser retirada da Baía de Guanabara.

Rosmam sugeriu também a construção de canais ligando o mar às lagoas , bem como obras nas estruturas das avenidas à beira-mar. Ele considera urgente que os governos reúnam informações técnicas, hoje inexistentes, sobre o litoral, as lagoas e os terrenos sujeitos a alagamento. "Sem isso, continuaremos assustados e cegos", disse.

Principais efeitos

Precipitação: Mais chuvas e tempestades

Alagamentos: Inundação das áreas de baixadas hoje bastante povoadas

Recuo da orla: Diminuição das faixas de areias das praias

Obras públicas: Necessidade de adequação das orlas urbanas

Substituição: Água salobra onde havia água doce

OESP, 24/03/2007, Vida, p. A30

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