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No mesmo barco

Página 22 n. 6, mar. 2007, p. 8
31 de Mar de 2007

No mesmo barco

por Amália Safatle

Quem navega pelo recém-lançado site www.yikatuxingu.org.br, logo é convidado a participar de uma "barqueada" virtual ao longo do Rio Xingu. O rio é o fio condutor de uma das mais bem-sucedidas campanhas ambientais )á feitas no Brasil, pois tem sido capaz de aglutinar, em torno da mesma causa, setores da sociedade que dificilmente entrariam no mesmo barco: populações indígenas, sojicultores, assentados, pecuaristas, ambientalistas, representantes do governo e de movimentos sociais.

Nascida em 2004, a campanha emprestou da língua kamaiurá a expressão Y Ikatu Xingu, ou Água Boa, Água Limpa do Xingu. O objetivo é alertar para a morte de um dos principais rios brasileiros, que se forma no Planalto Central, percorre os estados do Mato Grosso e do Pará e deságua no Rio Amazonas.

Quarenta anos de desmatamento e uso de agrotóxicos em suas cabeceiras condenaram o rio e as terras a seu redor, com redução da fertilidade e da oferta hídrica, erosão e contaminação. Os prejuízos à produção agrícola somam-se à perda da biodiversidade e afetam fazendeiros, índios e moradores dos municípios.

Para Marcio Santilli, coordenador do Instituto Socioambiental, entidade criadora da campanha, essa costura entre vários setores tem sido possível por duas razões. "A primeira é que a campanha tem foco específico: a água do Xingu. A segunda é que essa água funciona como veículo de interlocução entre as partes", diz. Ou seja, cada uni tem razões diferentes para preservá-la, mas o objetivo é comum entre eles.

Além disso, observa Santilli, a costura foi feita antes de se levar a questão a instâncias de poder, conferindo maior consistência à campanha. "Isso facilita a ação governamental nessas regiões onde o Estado sempre foi ausente", diz. Entre as ações, Santilli destaca a da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e dos ministérios das Cidades e do Meio Ambiente.

Pagina 22 n. 6, mar. 2007, p. 8

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