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No Ibama, desleixo e corrupcao

Veja, p.138-139
19 de Out de 2005

No Ibama, desleixo e corrupção
A corrupção, assim como as bactérias, dissemina-se com maior velocidade em organismos fragilizados. No Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a desordem administrativa e as irregularidades gangrenaram um órgão vital do Estado brasileiro. Justamente o que cuida da saúde do meio ambiente do país. Um relatório recém-concluído da Controladoria-Geral da União, sobre a gestão em 2004, lista 22 grupos de irregularidades cometidas pela administração do instituto. A lista inclui compras ilegais de passagens aéreas, desaparecimento de automóveis, contratos com fornecedores que simplesmente não prestaram os serviços e pagamentos irregulares de auxílio-moradia. Há casos prosaicos, como a realização de um café-da-manhã para 1 500 servidores, sem embasamento legal. Quem convidou foi a ministra Marina Silva, mas a responsabilidade recaiu no ex-diretor que assinou a papelada, Leonardo Tinôco, sobre o qual já havia suspeita mais grave. Tinoco contratara a empresa Stratégia Consultores S/C por 1,9 milhão de reais, sem licitação. A empresa está em nome de pessoas ligadas a ele. A CGU solicitou ao presidente do Ibama, Marcus Barros, que apurasse a denúncia, mas ainda não obteve resposta. Também soa irônica, por óbvia que é, a recomendação dos auditores da CGU para que sejam exigidas pelo Ibama notas fiscais como comprovação de despesas. Toda essa balbúrdia desaguou no estado de apodrecimento da máquina do Ibama. A importância do relatório da CGU é mostrar o caldo de cultura no qual a corrupção nasce e se desenvolve. Foi nele que surgiu o mercado paralelo das chamadas autorizações para transporte de produtos florestais, denunciado por VEJA em junho. Com essas autorizações, as madeireiras conseguiam desmatar muito além de sua cota.

Veja, 19/10/2005, p. 138-139

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