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No exterior, Vale enfrenta protestos por riscos ambientais

O Globo, Economia, p. 33
13 de Jul de 2014

No exterior, Vale enfrenta protestos por riscos ambientais
Na Nova Caledônia e no Peru, eleições acirram oposição à mineradora

Danielle Nogueira

Não bastasse os preços baixos do minério de ferro, a Vale tem se deparado com o ressurgimento da oposição a alguns projetos no exterior, em meio a processos eleitorais locais. Na Nova Caledônia, território francês onde a mineradora tem uma mina de níquel, uma onda de protestos estourou em abril, após mais um vazamento de efluentes ácidos na unidade, no Sul do arquipélago.
O acidente, que matou cerca de mil peixes, deu munição à agitação política. No mês seguinte, foram eleitos novos membros do Congresso, que decidirão sobre o referendo que trata da possível independência em relação à França.
Veículos e edifícios da Vale foram incendiados, interrompendo a produção por três semanas. A empresa atua na Nova Caledônia em parceria com companhias japonesas e um pool de províncias do arquipélago.
No Peru, onde haverá eleições municipais em outubro, a Vale é acusada de não tomar os devidos cuidados no embarque de fosfato (matéria-prima para fertilizantes), em seu terminal na Baía de Sechura, Nordeste do país, o que colocaria em risco o meio ambiente e a atividade pesqueira.
A Vale opera no país por meio da subsidiária Miski Mayo, que tem a americana Mosaic e a japonesa Mitsui como sócias.

Ambientalista vê impacto em área Protegida pela Unesco
Vale diz que operação na Nova Caledônia é viável e segura

A Vale herdou as operações na Nova Caledônia ao comprar a canadense Inco em 2006, tornando-se a segunda maior produtora de níquel no mundo. As reservas no território francês são 25% das de níquel da Vale e têm vida útil até 2043.
Mas a sustentabilidade do projeto é questionada por ONGs, que temem o impacto sobre um conjunto de lagoas consideradas patrimônio da Humanidade pela Unesco. Desde 2009, elas contabilizam ao menos cinco vazamentos, alguns envolvendo ácido sulfúrico. Segundo o ativista Sarimin Boengkih, o local de despejo de efluentes está situado a 3,5 quilômetros das lagoas.
- Com a sucessão de acidentes, as pessoas estão cada vez menos confiantes no processo de produção de níquel da Vale - afirma Boengkih.
A mineradora reconhece que houve problemas na implantação do projeto, mas assegura que "a operação é viável e segura". E informa que uma auditoria externa confirmou que o controle de efluentes é adequado. A Vale já foi multada em US$ 460 mil.

Peru: Denúncias desde 2011

No Peru, a exploração de fosfato tem importância estratégica para a Vale, pois o Brasil é deficitário em fertilizantes. Segundo a comunidade local, porém, no momento do embarque em navios, há dispersão de material particulado no ar e na água, o que pode causar problemas respiratórios e desequilíbrios no ecossistema marinho. A primeira denúncia foi feita em 2011 pelo Sindicato de Trabalhadores da Petroperu, petroleira que tem um terminal a cerca de 300 metros do da Vale.
- Agora, os embarques têm sido à noite, para que ninguém note - diz Evin Querevalú, presidente do sindicato.
A Vale explica que o carregamento de navios pode gerar pó e assegura que está trabalhando para melhorar o sistema. E ressalta que uma multa ambiental local foi anulada em abril.
Para analistas de mercado, a oposição aos projetos não deve afetar o desempenho financeiro da Vale.

O Globo, 13/07/2014, Economia, p. 33

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