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No esta no transporte, diz estudo

OESP, Economia, p.B8
24 de Fev de 2005

Nó está no transporte, diz estudo
Levantamento indica que exportador perde até US$ 24 por tonelada de soja embarcada
Os exportadores brasileiros perdem até US$ 24 por tonelada de soja embarcada por causa da precária infra-estrutura do País. Segundo levantamento feito pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), enquanto o Brasil gasta US$ 41 por tonelada com frete e despesas portuárias, os Estados Unidos desembolsam apenas US$ 18 e a Argentina, US$ 17.
"Além de reduzir a competitividade no exterior, os problemas de transporte também comprometem o desenvolvimento econômico do País", argumenta o engenheiro João Luiz do Amaral, membro do conselho de Logística da NTC & Logística e presidente do Comitê de Logística da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE).
Ele lembra que, apesar do sucesso das exportações brasileiras nos últimos anos, a participação do Brasil no comércio mundial é ainda muito pequena, de apenas 0,94% - bem menor que os 3% da Bélgica. Mas, na avaliação de Amaral, a atual infra-estrutura do País não suportaria uma participação maior.
Essa carência, diz ele, é resultado de anos sem os investimentos necessários. No ano passado, por exemplo, o Brasil destinou apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para obras no setor, destaca o engenheiro. A recomendação do Banco Mundial para os países em desenvolvimento é investir, pelo menos, 3,5% do PIB. "Na China, esse porcentual é de 20%."
Para Amaral, hoje um dos principais problemas do País é sua matriz de transporte, que está na contramão do desenvolvimento e da competição. Do total transportado, 63% é feito por meio de caminhões; 24% por ferrovias; e 13% por meio aquaviário (cabotagem e hidrovia). Nos Estados Unidos e na China, o transporte rodoviário tem 29% e 13,41%, respectivamente, de participação na matriz; ferroviário, 37% e 30,69%; e aquaviários, 14% e 30,69%.
Para se ter idéia do que o País perde com o predomínio do transporte rodoviário em grandes distâncias, Amaral fez uma comparação com as demais modalidades. O resultado mostra que o meio aquaviário e ferroviário são mais competitivos.
Segundo o estudo, com um litro de combustível se consegue transportar uma tonelada de qualquer produto numa distância de 217 quilômetros (km) por aquavias, 85 km por ferrovias e 25 km por rodovias. Mas, apesar do potencial, o Brasil tem apenas 26 mil km de hidrovias. A China tem 121,6 mil km.
O levantamento da NTC & Logística mostra também que os portos brasileiros são mal equipados e com excesso de mão-de-obra. Em Santos, o maior terminal da América Latina, são movimentados 40 contêineres por hora, enquanto em Cingapura são 100 por hora. Com isso, o custo do embarque aumenta. Em Santos, gasta-se US$ 250 para movimentar uma unidade e, em Cingapura, US$ 70, destaca o estudo.
Outro ponto importante, diz Amaral, refere-se à corrente (importações mais exportações) de comércio do Brasil. Em 2004, somou US$ 159,2 bilhões. Na China, US$ 1,1 trilhão. "É por isso que falta contêiner e navios no Brasil. Falta fluxo."

OESP, 24/02/2005, Economia, p.B8

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