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No Brasil, warao preservam grupo e buscam ficar perto da fronteira

O Globo, Mundo, p. 38
26 de Ago de 2018

No Brasil, warao preservam grupo e buscam ficar perto da fronteira

HELOÍSA TRAIANO
heloisa.traiano@infoglobo.com.br

Dentre os 56 mil refugiados venezuelanos que atualmente buscam abrigo no Brasil, um grupo que pode chegar a até 3 mil pessoas exige assistência especializada de autoridades estaduais e federais. São os índios da etnia warao, que ocupam abrigos diferenciados em Roraima, adaptados às suas necessidades e tradições culturais.
Ao contrário dos conterrâneos que viajam em busca de empregos nas grandes cidades brasileiras, esses indígenas não querem se afastar dos seus territórios na Venezuela, mas circulam permanentemente na busca de recursos para garantir a sobrevivência do grupo.
Em Pacaraima e Boa Vista, há 1.300 refugiados indígenas divididos em dois abrigos. Mas as estimativas de especialistas dobram se consideradas as populações misturadas a outros refugiados no Amazonas e no Pará, ou em movimentação. Na Venezuela, seus membros chegam acerca de 49 mil pessoas, espalhadas em centenas de comunidades, sobretudo no Delta do Rio Orinoco.
O fluxo de waraos, que não falam nem português nem espanhol, cresceu radicalmente nos últimos seis meses, aponto de superlotaras unidades de acolhimento de Roraima, segundo o seu coordenador, Ricardo Baumgartner. Hoje, devido à falta de estrutura para abastecimento, rejeitam-se em média dez novos pedidos de acolhimento diariamente nos locais que oferecem assistência voltada aos warao.
-Os índios ficam separados dos outros venezuelanos porque têm um comportamento diferenciado. Ficam mais aglomerados em famílias, têm lideranças constituídas pelos caciques e usam caminhos diferentes para migrar. O vaivém para levar alimentos aos seus parentes na Venezuela é constante. Então, eles não querem ir para dentro do Brasil - diz Baumgartner. - Ao mesmo tempo, é um povo que normalmente vive ao ar livre, e hoje está confinado em abrigos. Eles são obrigados, assim, a adaptar o seu modo de viver. É um grande desafio.
Foi há dois anos que começaram as primeiras iniciativas de assistência aos warao em Roraima. Com o agravamento da escassez que marca a crise venezuelana, eles começaram achegara cidades como Boa Vista, Pacaraima, Santarém, Manaus e Belém. Marcelo Torelly, coordenador de projetos da Organização Internacional para Migrações( OIM) no Brasil, argumenta que a presença dos warao deverá ser incorporada a perspectivas de médio prazo no país:
- Eles não querem se fixar nas cidades, mas deverão ser incorporados às estruturas de atenção indígena que já existem no Brasil. Para isso, deverão ser consultados sobre como desejam viver no futuro.

O Globo, 26/08/2018, Mundo, p. 38

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