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'Ninguém está acima da lei', avisa Bastos

OESP, Nacional, p. A5
22 de Jan de 2004

'Ninguém está acima da lei', avisa Bastos
Ministro da Justiça garante que estado de Direito será mantido a todo custo

Denise Abraham
Especial para o Estado

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem, em Brasília, que a maioria dos índios em Mato Grosso do Sul já desocupou a área invadida, conforme determinação da Justiça. Ele garantiu que o "estado de Direito será mantido a todo custo". Referindo-se à ocupação de 14 fazendas invadidas pelos índios em Mato Grosso do Sul, Bastos observou que, no Brasil, "ninguém está acima da lei ou fora da lei".

Seiscentos policiais militares e federais vão ser mobilizados na megaoperação para o cumprimento do mandado de despejo dos índios caiovás-guaranis, que desde dezembro ocupam 14 fazendas nos municípios de Iguatemi e Japorã, no sul do Estado. Os detalhes do plano de desocupação foram definidos na manhã de ontem durante reunião entre o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira Filho, e o superintendente regional da Polícia Federal, Wantuir Jacini.

Segundo o secretário de Segurança Pública, equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) fecharão as estradas da região, o Exército funcionará como suporte logístico e unidades do Corpo de Bombeiros enviarão viaturas de resgate e de combate a incêndios. Um gerador de energia também será disponibilizado para operações noturnas. Hospitais da região também foram contatados, no caso de haver feridos durante o despejo.
A Polícia Federal de Mato Grosso do Sul vai receber reforço de agentes de Mato Grosso e do Distrito Federal, além de dois helicópteros. O governo do Estado vai disponibilizar ainda duas aeronaves.

O superintendente regional da Polícia Federal, Wantuir Jacini, disse que a fase de negociação com os índios acabou. "Os indígenas estão agora em estado de flagrância por desobediência civil", explicou.

Confronto - Dagoberto Nogueira Filho não quis informar quando a megaoperação vai ser desencadeada, mas disse as equipes só deixarão a área depois da situação resolvida. Fontes da secretaria e da Polícia Federal admitem que a megaoperação pode ser antecipada diante dos últimos confrontos ocorridos esta tarde entre fazendeiros e índios.

O desentendimento começou quando fazendeiros bloquearam a estrada que liga os municípios de Iguatemi e Japorã. Os índios ficaram revoltados.

Houve disparos de tiros de ambos os lados e luta corporal. Apenas cinco policiais militares foram deslocados do destacamento de Iguatemi para controlar a situação.

Gravidade - Segundo a Assessoria de Imprensa do Comando-Geral da Polícia Militar, o número foi suficiente porque a PM considerou o "incidente de média gravidade e que o problema tem que ser resolvido pela Polícia Federal".

O destacamento de Iguatemi é formado por 28 policiais militares. De acordo com a assessoria, não seria possível o deslocamento de todos os homens para a área de confronto porque serviços, como a guarda de presos, de proteção ao fórum e à própria cidade, ficariam suspensos. "Mesmo que enviássemos todo o efetivo e a situação fosse de extrema gravidade, pouca coisa poderia ser feita, porque de um lado estavam 300 fazendeiros e de outro, 250 índios", explicou o assessor do Comando Geral da PM, major Nelson Silva.

OESP, 22/01/2004, Nacional, p. A5

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