VOLTAR

Negociação climática recomeça com foco em proteção de florestas

Valor Online - www.valoronline.com.br
Autor: Daniela Chiaretti
31 de Mai de 2010

O mundo tomou um porre de mudança climática em dezembro, nas duas semanas da Conferência do Clima de Copenhague. Passada a ressaca dinamarquesa, as negociações internacionais por um acordo forte recomeçam hoje, em Bonn, na Alemanha, e devem reunir delegações de mais de 170 países até 11 de junho. Todos os problemas que provocaram o impasse em Copenhague continuam no mesmo lugar e sem solução, mas há avanços. O processo agora mira a conferência de Cancún, no México, no fim do ano.

A maior novidade do novo round de negociações é um texto de 42 páginas e nove capítulos. Ele junta o texto produzido nos últimos dias da conferência com os grandes tópicos em discussão e o polêmico Acordo de Copenhague, que foi rejeitado por vários países na última sessão, mas que agora já tem o endosso de 150 nações. A esperança, em Bonn, é que avancem os trabalhos em questões menos controversas.

"Este é um passo a mais no caminho do acordo. Esperamos que haja convergência em torno de várias questões para que Cancún possa terminar a negociação", diz o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira. Antes de Cancún haverá outras duas reuniões da ONU, além de vários encontros multilaterais e fóruns como o das economias emergentes (o Basic), o das maiores economias do mundo (MEF) e o G-20, em junho, no Canadá.

Um dos temas que podem sair praticamente fechados de Bonn interessa particularmente ao Brasil. É o que trata de Redd, a redução nas emissões de gases-estufa por desmatamento ou degradação de florestas. O texto que estará em negociação tem três páginas e não há muitas partes entre colchetes, recurso usado pelos negociadores quando não concordam com algo. Na semana passada, em Oslo, na Noruega, países que costumam financiar a preservação florestal (como Noruega, França e Alemanha) prometeram doar US$ 4 bilhões para projetos de Redd entre 2010 e 2012, em um processo que corre paralelo às negociações da ONU.

"Este é o ano das florestas e do Redd", aposta Alexandre Prado, gerente de economia e especialista em clima da ONG Conservação Internacional. O palpite do ambientalista se baseia no avanço da discussão de Redd na negociação e no fato de Christiana Figueres, a nova secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU, ser defensora dos mecanismos de Redd que possam ser financiados pelo mercado. A costa-riquenha vai substituir em julho o atual secretário, o holandês Yvo de Boer.

Outro tema sob a lupa em Bonn é o capítulo de adaptação às mudanças climáticas e a pressão para que o "fast start", dinheiro acertado em Copenhague (US$ 30 bilhões em três anos, para os países mais vulneráveis) comece a sair. Pode haver avanços também na transferência de tecnologias limpas e criação de um sistema de governança eficiente e confiável.

"Esta é a primeira reunião depois de Copenhague, na qual vai se discutir o conteúdo do acordo", diz Kim Carstensen, líder da WWF para as questões de clima. "É uma oportunidade para vermos progresso real e terminarmos com a confusão que surgiu em dezembro [em Copenhague]."

"Mas tudo isso é um pacote com vários elementos", diz um representante do governo brasileiro. "Em toda negociação não se adotam elementos individualmente, o que se adota é o pacote inteiro. Ou seja, o Brasil não vai deixar que o capítulo sobre florestas vigore enquanto as outras arestas do acordo climático internacional ? Como finanças, por exemplo ? Não estejam funcionando também. O que pode significar mais adiamentos. Sem florestas, o Brasil perde parte de seu poder de negociação.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=356326

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.