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Natura firma compromisso com extrativistas do Iratapuru

Diário do Amapá-Macapá-AP
20 de Jan de 2004

Diretores da empresa de cosméticos Natura chegam a Macapá nesta terça-feira (20) para confirmar agenda de compromissos assumidos no final do ano passado em São Paulo, durante reunião entre representantes da empresa, técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e representantes da comunidade do Iratapuru. Durante o encontro foram decididas ações de repartição de benefícios à comunidade da Reserva Extrativista do Rio Iratapuru, de onde a empresa adquiriu o breu branco, principal componente de um dos seus produtos e ainda pretende comprar, este ano, duas toneladas de óleo de castanha do Pará.

A vinda dos técnicos da empresa para discutir a repartição de benefícios, segundo informações de Eraldo Neves, Chefe da Divisão de unidades de conservação da Sema, está de acordo com o que preconiza a Lei de Acesso à Biodiversidade do Amapá e à lei federal que regulamenta a questão em nível federal. "Estamos construindo uma relação muito mais respeitosa com as empresas e com as comunidades. Antes a ação da Sema na gestão das Unidades de Conservação (UC) era apenas de expectadora. No atual governo as coisas mudaram e a Sema assumiu um papel de gestora das UCs. A relação de tutela das comunidades acabou, estamos inaugurando um novo tipo de relacionamento, onde a comunidade é incentivada a se auto-gerir ", ressaltou Eraldo.

A partir da interveniência da Sema, os valores para aquisição do breu branco passaram de R$ 6 para R$ 23, o que de cara elevou a renda da comunidade em mais de 300% e garantiu a compensação em benefícios sociais para a comunidade e para o Estado. Além de ratificar o compromisso de compra do óleo da castanha, os técnicos da Natura virão para dar continuidade às negociações de apoio à comunidade do Iratapuru na produção do óleo de castanha como o apoio ao transporte, ao armazenamento e a produção do óleo.

O breu branco é uma resina macia, de odor agradável, produzido por uma árvore da Amazônia de mesmo nome. De cor branca e brilhante, lembrando um mineral, o breu com o tempo solidifica-se, formando uma massa dura e esbranquiçada, parecendo uma pedra de carvão mineral. É utilizado pela comunidade cabocla local como defumador e incenso em rituais religiosos, combustor para o fogo, nos fogões a lenha e principalmente como instrumento para a calafetação de canoas. Seu uso para perfumaria é inédito. A coleta é feita quando o breu branco se solidifica e cai no chão.

Ações estratégicas - O Amapá já despertou para seu grande potencial em espécies de fauna e flora como um dos recursos estratégicos para o desenvolvimento econômico e social do seu povo, por isso ações governamentais estratégicas estão acontecendo, como a parceria entre a Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Iepa, para catalogação das espécies nas áreas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Floresta Nacional do Amapá e Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, além da contratação de pesquisadores para atuação nestas áreas.

A vinda de Enio Candotti, presidente do SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) ao Estado, as ações da equipe do Zoneamento Econômico e Ecológico do Iepa, a finalização do Sistema de Informações Ambientais Georeferenciadas (SIAG), grande banco de dados onde estão sendo estão concentradas informações ambientais e cartográficas do Estado do Amapá, em fase de conclusão na Sema, são outras ações desenvolvidas.
(-Diário do Amapá-Macapá-AP-20/01/04)

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