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Narcotráfico prejudica nações indígenas

O Rio Branco-Rio Branco-AC
29 de Abr de 2004

Faltando três semanas para as comemorações do Dia do Índio, em 19 de abril, o Conselho Missionário Indigenista (Cimi) no Acre está preocupado com o narcotráfico em território indígena. A entidade informou que os relatos são constantes sobre pessoas de países vizinhos que entram irregularmente no Brasil usando os caminhos existentes nas aldeias, no interior da floresta, para burlarem a fiscalização de fronteira.

O coordenador do Cimi no Acre, Francisco Charles Falcão, informou que se trata de uma problemática nova que tem que ser resolvida na esfera diplomática entre o consulado brasileiro, da Bolívia e do Peru. "Pouco tem se avançado para a solução deste problema, uma vez que o Itamaraty é quem deve provocar as conversações".

Com terras localizadas na faixa de fronteira, os índios sem contato com a civilização branca são as maiores vítimas dos narcotraficantes. Falcão destaca que se trata de mais um grave problema que vem se somar às denúncias constantes de mineração e exploração irregular de madeira em áreas indígenas na região amazônica.

Temas que serão amplamente discutidos em nível nacional, pelo Cimi, no Dia do Índio, através da programação do "dia nacional de mobilização e lutas do movimento indigenista missionário". "Nesta data, defenderemos que todas as questões relacionadas à demarcação de terras indígenas continuem sendo tratadas pelo Ministério da Justiça e Funai e não no Senado Federal como deseja a bancada de parlamentares contrários ao respeito às áreas indígenas".

Falcão explica que a hegemonia de forças entre os parlamentares federais é para que os índios fiquem com áreas de terras reduzidas e para franquear as atividades de mineração e exploração de madeiras nas reservas indígenas. Na data será intensificada a coleta de assinaturas de um abaixo assinado que solicita que o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, regularize a demarcação de terras do povo indígena Ugorogomo, também conhecido como Arara, localizado no Pará. A área é denominada terra indígena Cachoeira Seca, atualmente vítima de desmatamentos e invasões de terras por povos brancos.

Kaxinawá e Nukini lutam por demarcação de terras

No Acre, a maior tensão por demarcação de reservas indígenas acontece na área de terra do Curralino, localizada no município de Feijó, onde vivem comunidades da etnia Kaxinawá. "Existe confronto entre índios e posseiros. Duas fazendas estão localizadas dentro da área a ser demarcada".

A situação é ainda mais crítica no município de Jordão, onde índios Nukini enfrentam uma situação bastante tensa com posseiros. "A situação dos Nukini agravou-se porque existem políticos locais que são contrários à demarcação".

A solução para os conflitos fundiários envolvendo índios e posseiros, segundo Falcão, deve acontecer entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Caberá ao Incra remover os posseiros da área indígena e assentá-los em outra área não reivindicada para território de índios.

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