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Não há o que temer

O Globo, Opinião, p. 7
Autor: RIBEIRO, Carlos Costa
17 de Dez de 2009

Não há o que temer

Carlos Costa Ribeiro

Para os representantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento reunidos na conferência das Nações Unidas, ora em andamento em Copenhague, não há divergências significativas sobre a importância da preservação do equilíbrio do clima. As divergências surgem quando se discute que mecanismos devem ser adotados para combater as mudanças climáticas.

Dentre as discordâncias, está a certeza de que decisões açodadas que atendam unilateralmente aos anseios de países desenvolvidos influirão negativamente no esforço de crescimento dos países em desenvolvimento, que lutam para tirar da miséria milhões de pessoas. No outro extremo, esforços isolados de países desenvolvidos serão inócuos para a reversão das anunciadas alterações no clima.

Temos, portanto, negociações complicadas pela frente.

Mas ainda mais importante é reconhecer que parte substancial das soluções não depende unicamente da assinatura de acordos internacionais.

Elas dependem de novos conhecimentos em várias áreas da ciência e de novas tecnologias, que ainda não vislumbramos. Não será somente com o aproveitamento da energia dos ventos ou o emprego dos atuais painéis solares, por exemplo, que conseguiremos substituir o uso maciço de carvão e petróleo. Afinal, são esses dois combustíveis fósseis que movem a economia mundial e garantem a manutenção e a expansão dos avanços tecnológicos que dão sustentação ao bem-estar e à segurança para nada menos que 70% da população mundial.

As soluções não virão nas próximas semanas, mas sim nas próximas décadas. Precisaremos investir cada vez mais no estímulo à inventividade humana. Teremos de criar inovações que permitam reduzir de forma ampla e eficaz os riscos associados à maior parte das atuais tecnologias de produção de energia, sem sacrificar o crescimento econômico mundial. É, sem dúvida, um formidável desafio.

Mas, a despeito da impaciência e dos tradicionais alertas de catástrofes iminentes que surgem na mídia toda vez que a Humanidade se vê em crise, não podemos deixar de estar confiantes com as perspectivas que se abrem em Copenhague. Países desenvolvidos e em desenvolvimento estão em busca da melhor direção para se chegar a acordos internacionais exequíveis. Ao mesmo tempo, indivíduos, empresas e instituições seguem trabalhando para o avanço do conhecimento científico e a criação de novas tecnologias. O caminho será longo, mas as perspectivas são muito boas. Não há o que temer.

Carlos Costa Ribeiro é consultor em ciências do meio ambiente.

O Globo, 17/12/2009, Opinião, p. 7

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