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Não ao Redd em Copenhague

O Globo, Razão Social, 9
20 de Out de 2009

Não ao Redd em Copenhague
Organizações pedem maior debate sobre compensação

Camila Nobrega
camila.alves@oglobo.com.br

Em vez de simplesmente abrir os braços para o Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), estabelecer um debate com a sociedade. É o que pedem organizações e movimentos socioambientais em uma carta intitulada "Carta de Belém", enviada aos principais ministérios e negociadores da proposta brasileira que será levada a Copenhague. Baseada em consenso adotado num seminário realizado em Belém nos dias 2 e 3 de outubro, a carta pede ao governo que rejeite a utilização do Redd como mecanismo de mercado de carbono. Na carta, as 56 organizações signatárias pedem ainda que o mecanismo não seja aceito como forma de compensação às emissões dos países ricos.
O Redd, que foi proposto pelo economista italiano Andrea Cattaneo, se baseia em compensações financeiras para a manutenção da floresta em pé. Em entrevista à Razão Social em junho deste ano, Cattaneo afirmou que haveria duas formas de implantar o mecanismo: uma seria por meio de um fundo internacional e outra a partir da geração de créditos para o mercado de carbono. Essa segunda opção tem sido defendida por muitas empresas e governos.
Segundo Maureen Santos, técnica da ONG Fase, que organizou o seminário de Belém, as organizações não acreditam que o mercado seja capaz de assumir a responsabilidade de controlar o problema das mudanças climáticas no mundo: - As propostas voltadas para o mercado não atendem demandas das populações responsáveis por preservar as florestas. Essas pessoas deveriam ter mais acesso a políticas públicas, em vez de receber dinheiro e se manterem alienadas. Empresas e governos chegam com uma proposta pronta e é claro que a comunidade vai aceitar.
Maureen explicou ainda que os signatários rechaçam o Redd como forma de compensação para os países desenvolvidos, porque acreditam que eles mesmos deveriam ser obrigados a reduzir suas emissões. A diretora da Fase, Letícia Tura, defende que as populações tradicionais deveriam ter a preservação recompensada por meio de políticas públicas que permitissem geração de renda.
FASE www.fase.org.br

O Globo, 20/10/2009, Razão Social, 9

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