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Na ausência do Estado, associações diversas ajudam os povos Yanomami

O Tempo - https://www.otempo.com.br/
14 de Fev de 2023

Na ausência do Estado, associações diversas ajudam os povos Yanomami
Várias denúncias sobre a crise humanitária dos indígenas de Roraima partiram de órgãos que não têm relação com o governo

Gabriel Rodrigues
Gabriel Ronan
Raquel Penaforte

14/02/2023

As denúncias das mazelas do povo Yanomami que se somaram, nos últimos anos, até culminar na atual crise de saúde não partiram do governo. Elas foram divulgadas por associações, Organizações Não Governamentais (ONGs) e lideranças indígenas que, há décadas, preenchem lacunas deixadas pelo Estado e dependem, muitas vezes, de ajuda internacional.

"Mantemos uma ação muito rica em termos de parceria com as igrejas europeias. E também com organizações da sociedade civil da Europa. Não temos relação no nível político-financeiro com governos municipal, estadual nem federal", diz Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

O conselho auxilia dois religiosos, que se revezam com outras duplas a cada três meses, na Missão Catrimani, em Roraima, em diálogo constante com os Yanomami. Fundado em 1972, na ditadura militar, o Cimi foi uma das organizações que divulgaram, na década de 90, a campanha nacional e internacional exigindo a demarcação das terras Yanomami - o que foi garantido em 1992, no governo Collor.

A ajuda internacional também é primordial para o Instituto Socioambiental (ISA), uma das maiores bases de informação sobre povos e terras indígenas do Brasil desde os anos 90. A instituição terminou 2021, segundo seu relatório de transparência mais recente, com cerca de R$ 106,1 milhões em saldo para aplicar em convênios e projetos - 74,5% dos recursos (R$ 79 milhões) vieram de fontes internacionais. Ela atua nas regiões de rio Negro, Xingu, Vale do Ribeira e Amazônia e produz estudos para embasar decisões governamentais. O ISA contabiliza, em seu projeto Terras Indígenas, pelo menos outras duas ONGs que atuam diretamente na terra Yanomami e 11 organizações indígenas, como a Hutukara, protagonista nas atuais denúncias.

Oliveira, do Cimi, pontua que as entidades estão dispostas a atuar junto aos indígenas pelo tempo necessário, mas defende: "Temos que lutar para que o Estado assuma suas responsabilidades".

Doações

ONGs e associações também têm papel fundamental na arrecadação de doações para os Yanomami. A Ação Cidadania diz ter doado 117 toneladas de alimentos, comprados de fornecedores de Boa Vista (RR). São cestas adaptadas para atender a alimentação deles, como arroz, sardinha, farinha de milho (flocão), farinha d'água, leite em pó e sal. A associação enviou aos hospitais da região (da Criança e Casai) 900 kits de higiene, 300 fraldas infantis e geriátricas, roupas de cama e lavadora de roupas.

Já a Central Única das Favelas (Cufa) arrecadou mais de R$ 1 milhão para atender a demanda de saúde urgente identificada nas regiões. Eles também enviaram a Roraima mais de 200 t de alimentos arrecadados em todo o Brasil.

https://www.otempo.com.br/especiais/yanomami/repercussao/na-ausencia-do…

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