VOLTAR

Museu do Índio inicia processo de digitalização de documentos. Na mesma data foi entregue a primeira bolsa para pesquisador indígena

Funai - http://www.funai.gov.br
Autor: Edison Bueno
06 de Set de 2013

O Museu do Índio começou no dia 26 de agosto o processo de digitalização do acervo textual do Serviço de Proteção ao Índio, incluído no Programa Memória do Mundo. São 50 anos da política indigenista, do século XX, que serão totalmente disponibilizados na internet.

O diretor do Museu, José Carlos Levinho, falou sobre os profissionais que executam o trabalham, "por necessitar de cuidados técnicos, os profissionais que trabalham na digitalização são todos qualificados, foi montado uma estrutura para atender dois turnos e dar agilidade ao processo".

O acesso "online", a democratização da informação e a proteção desse acervo histórico são as metas inspiradoras do programa de preservação digital da instituição que inicia, agora, mais uma etapa de seu cronograma de trabalho: a digitalização de 106 metros lineares, totalizando cerca de 800 mil páginas de documentos.

Segundo a coordenadora de patrimônio cultural, Ione Couto, devido a quantidade muito volumosa de documentos, este material deve estar disponível ao público no máximo em dois anos. " No passado as pessoas tinham que vir ao Museu , para fazer suas pesquisas, com a digitalização colorida, que dá a realidade do fato, este deslocamento nem sempre é necessário", afirma Ione.

O novo projeto, orçado em um milhão de reais, garantirá a preservação do acervo histórico de essencial importância para a fundamentação dos processos de demarcação de terras indígenas.

Na mesma data foi entregue a primeira bolsa destinada a pesquisadores indígenas do Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, desenvolvido em cooperação técnica internacional com a Unesco . No total serão beneficiados 100 jovens de aldeias de todo o país, integrantes das equipes de projetos desenvolvidos em parceria com povos de todas as regiões do Brasil.

O objetivo é capacitar jovens indígenas em técnicas e metodologias de documentação de suas línguas e de registro sonoro, fílmico, fotográfico e /ou textual de aspectos de suas culturas. A iniciativa atende a demanda dos próprios índios, interessados em garantir a preservação e reprodução de conhecimentos aprendidos de seus mestres e anciões para as futuras gerações.

Para o índio Guarani Lucas, este é um momento de grande realização, "foi difícil chegar até aqui, eu consegui com o meu trabalho e não só com a ajuda dos brancos, mas da minha liderança".

A salvaguarda dos materiais produzidos em acervos digitais vai permitir que as informações estejam permanentemente disponíveis.

Fundo SPI - selo Memória do Mundo

Guardada nos acervos e arquivos do Museu do Índio, em Botafogo-RJ, a documentação abrange o período a partir de 1910 - data da criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, até 1967, quando foi substituído pela Fundação Nacional do Índio.

Incluído no Programa Memória do Mundo da Unesco, em 2008, por sua importância fundamental para as sociedades indígenas e toda a humanidade, o fundo SPI reúne um volume expressivo de documentos de localização, demografia e migração, entre outras informações relativas a aspectos culturais.

Incêndio

Em 1967, quando o SPI foi extinto para dar lugar à Fundação Nacional do Índio - FUNAI, um incêndio destruiu quase totalmente o acervo, na sede em Brasília. Desde 1976, todo o material vem sendo recuperado pelo Museu do Índio por meio de um trabalho sistemático realizado a partir de cópias carbonadas arquivadas pelas unidades administrativas criadas pelo SPI em vários pontos do país.

Tal esforço possibilitou o resgate de documentos textuais, audiovisuais e etnográficos provenientes do trabalho desenvolvido por indigenistas das agências oficiais de proteção ao índio no início do século passado. O acervo é constituído de 195.737 documentos textuais (795.602 páginas), 519 desenhos originais, 87 impressos aquarelados, 14.766 negativos fotográficos de 35 mm, 4.066 negativos fotográficos 6x6 cm, e 3.432 fotografias, além de 23 filmes cinematográficos de 35 mm e um de 16 mm. O material inclui também cerca de 300 documentos sonoros. Toda a documentação iconográfica do Fundo SPI já foi digitalizada e está disponível na base de dados do Museu do Índio - FUNAI (http://base2.museudoindio.gov.br).

A sistematização dos dados sobre esse patrimônio documental dá voz às diversas etnias indígenas brasileiras, contribuindo para o processo de demarcação das suas terras. Deste modo, a FUNAI, por meio do Museu do Índio, cumpre uma de suas principais missões, que é desenvolver reais mecanismos de inclusão política, permitindo que os índios tenham acesso às informações que lhe dizem respeito.

Projeto de Digitalização

O modelo adotado pelo Museu do Índio segue os padrões recomendados pelo CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos, o que vai garantir a integração com sistemas de acervo digitais de outras instituições. Os documentos originais serão higienizados e ganharão novos acondicionamentos com o objetivo de garantir a eficácia de sua preservação.

A próxima etapa do programa de modernização da instituição prevê a digitalização das obras raras das Bibliotecas Marechal Rondon, no Museu do Índio, e Curt Nimuendaju, na sede da Funai. Trata-se de 1.067 obras raras ou 242.550 páginas, cujo conteúdo será, em breve, digitalizado.

http://www.funai.gov.br/ultimas/noticias/2013/09_set/20130906_05.html

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.