VOLTAR

Mumbuca é atrativo turístico no Jalapão

Portal Amazônia - http://portalamazonia.globo.com
Autor: Olga Cavalcante
08 de Nov de 2010

A excentricidade do roteiro turístico "Encantos do Jalapão", com suas belezas diferenciadas e exclusivas, tem no povoado quilombola de Mumbuca, a 35 km de Mateiros, leste do estado, um acervo cultural de intenso culto às tradições sertanejas e à simplicidade dos hábitos ainda preservados na comunidade.

O ecoturista vai ao Tocantins para ver cachoeiras, subir serras, contemplar pássaros, praticar esportes radicais como o rafting e andar em trilhas do cerrado.

No Jalapão encontra tudo isto e muito mais se acrescentar Mumbuca em sua viagem: a oportunidade de sentar-se á beira de uma fogueira, à noite, em roda de causos e lendas, com personagens que contam suas aventuras de vida em linguagem que mistura termos indígenas e caboclos, às vezes romanceados, outras vezes intraduzíveis.

A beleza de ouvir a dupla nativa de Mumbuca, Maurício e Arnon, tocando em violas de buriti, sem a sofisticação musical da tecnologia moderna, é um dos momentos especiais que o turista vive no roteiro. E ser recepcionado pela afinação do coral de mulheres que cantam as maravilhas do capim, adoça o coração.

O cheiro da galinha caipira recende e chama o paladar do visitante para o "Restaurante da Vila", onde a Nem cozinha em fogão à lenha central. Ou para a panela de ferro da Tonha, que tem o feijão com maxixe mais saboroso das redondezas.

As 45 famílias e os 142 moradores têm como fonte de renda principal o artesanato em capim dourado, cientificamente identificado como Syngonanthus nitens, mas não deixam de lado as plantações de banana, abóbora e mandioca, culturas extrativistas caseiras, cultivadas apenas para o consumo.

O forte mesmo é a venda das peças artesanais na lojinha da Associação Comunitária, procuradas pelos turistas como objetos exóticos. O capim dourado é trabalhado pelos dedos suaves das artesãs jalapoeiras, que costuram as hastes com fibra ou seda do olho do buriti. Para manter a receita durante o ano, homens, mulheres e crianças colhem a sempre-viva nos campos reservados e manejados, respeitando o período de 20 de setembro a 30 de novembro.

Noêmia Ribeiro da Silva, a "Doutora", é uma destas artesãs cativantes de Mumbuca. Já na quarta geração, filha de dona Miúda a matriarca do povoado, é descendente de seu Firmino, que aprendeu com os índios Xerentes a arte de trançar o artesanato.

Usando vocabulário regional e com criatividade de frases próprias, responde ao questionamento sobre os casamentos consangüíneos na comunidade: "Nunca teve problema. Menino nasce sadio igual veado na campina".

No Brejo do Gavião, um dos pontos de colheita, a paisagem é característica do cerrado do Jalapão onde campos de vegetação rasteira estão ao lado de mata ciliar de buritis e árvores. Em sua profundidade muita água enxarcando o terreno, habitat natural para o crescimento do capim dourado.

Cantando enquanto arranca fios de capim, a doutora ensina os jovens a preservar a sustentabilidade do capim dourado: "deve-se arrancar os raminhos nas veredas e sacudir as sementes para que nasça outro pé".

SERVIÇO:

Restaurante da Vila (Nem) -(63) 9959.1594
Restaurante da Tonha -(63) 3576.1092 (orelhão do povoado)
Condutores do Mumbuca: (63) 3576.1092

http://portalamazonia.globo.com/pscript/noticias/noticias.php?idN=114634

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.