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Muito mais CO2 que o previsto

O Globo, Ciência, p. 30
23 de Mai de 2007

Muito mais CO2 que o previsto
Medidas debatidas para conter aquecimento são insuficientes

As emissões de gases que contribuem para o efeito estufa aumentaram muito acima do previsto desde o ano 2000, levando cientistas a concluírem que o aquecimento do planeta será bem mais rápido do que o imaginado. Para os especialistas, os números mostram que as medidas em discussão hoje estão muito aquém do necessário para combater as mudanças climáticas.

As emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis aumentaram em cerca de 3% ao ano desde 2000, enquanto que ao longo dos anos 90 esse aumento era de 1% anualmente. Os números foram apresentados ontem pela Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), uma das principais organizações científicas da Austrália.

- Um dos maiores responsáveis por essa aceleração é que, globalmente, estamos queimando mais carbono por dólar de benefícios adquiridos - afirmou o cientista Mike Raupach, coordenador do relatório.

- Isso significa que as mudanças climáticas estão ocorrendo mais rápido do que o previsto pela maioria dos estudos feitos nos anos 90 e no início dos 2000.

Comparando a tendência atual às projeções feitas pelo recente relatório das Nações Unidas, o grupo concluiu que a realidade atual é equiparável aos piores cenários traçados pela instituição.

Países pobre respondem por 73% do aumento
O relatório concluiu que aproximadamente 8 bilhões de toneladas de CO2 foram lançadas na atmosfera em 2005, contra 6 bilhões de toneladas emitidas em 1995. Embora os países em desenvolvimento respondam por apenas 41% do total das emissões atuais, 73% do aumento verificado a partir de 2000 são de sua responsabilidade.

- À medida que os países desenvolvem suas indústrias, eles passam por períodos de intenso, e freqüentemente ineficiente, uso de combustível fóssil - afirmou Raupach. - A eficiência (no uso desses combustíveis) é aprimorada ao longo da trajetória de desenvolvimento e tende a se estabilizar com o tempo.

Desde o início da Revolução Industrial, os Estados Unidos (que não ratificaram o Acordo de Kioto) e a Europa respondem por mais de 50% das emissões globais, enquanto a China contribui com menos de 8%. As 50 nações menos desenvolvidas do mundo contribuíram com menos de 0,5% das emissões globais dos últimos 200 anos.

Em média, cada cidadão na Austrália ou nos Estados Unidos emite, por ano, cinco toneladas de CO2, enquanto na China o número per capita é de uma tonelada anual.

- Além de reforçar a urgência da necessidade de redução de emissões, um importante resultado desse trabalho é mostrar que os lançamentos de CO2 têm história - disse Raupach. - Precisamos levar em conta tanto as emissões presentes quanto as passadas nas negociações de redução global. Para serem eficazes, as reduções têm que ser tanto viáveis quanto justas.

O Globo, 23/05/2007, Ciência, p. 30

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