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MT se prepara para ser maior produtor mundial de diamante

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: EDUARDO GOMES
29 de Jul de 2002

Empresa canadense investe US$ 8 milhões para a extração de diamante industrial já a partir do próximo ano na região de Juína

Juína está a um passo de se transformar no maior centro mundial de extração de diamantes industriais. Aliás, a melhor definição seria a retomada dessa liderança, já que nas décadas de setenta e oitenta o município ocupou essa posição e estima-se que tenha produzido a impressionante marca de 20 milhões de quilates. Quem acena com essa perspectiva é a Diagem do Brasil Mineração, subsidiária da multinacional Diagem International Resource Corporation, com sede em Vancouver, no Canadá. A companhia sustenta essa possibilidade nas pesquisas que desenvolve há mais de seis anos na região, e até outubro iniciará o processo de lavra. Para tanto disponibilizará os recursos que se fizerem necessários. Para a arrancada inicial a previsão é de investimento de US$ 8 milhões.

O gerente e delegado da Diagem no Brasil, o engenheiro de minas José Aldo Duarte Ferraz, revela que a mineradora pesquisou e encontrou viabilidade econômica em um quinberlito, e que outros corpos quinberlíticos e garimpo de aluvião estão sendo pesquisados numa área de 120 mil hectares onde a multi canadense detém direitos minerários.

A lavra do quinberlito já pesquisado começará no próximo ano. Para bancar a atividade a Diagem investirá a princípio US$ 8 milhões, "mas as necessidades que surgirem ao longo dos trabalhos poderão exigir mais recursos, o que não será problema", explica Ferraz. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) aprovou o relatório final para a exploração desse corpo quinberlítico. Os demais, dependem da continuidade das pesquisas.

O garimpo nos aluviões está previsto para outubro e a Diagem desenvolveu plataformas móveis para acompanhamento do curso dessa garimpagem. "São máquinas simples e práticas, construídas em oficinas em Juína", salienta Ferraz. Essas plataformas abrem valas semelhantes às destinadas a esgoto. Delas se extrai o cascalho que é lavado para se chegar ao diamante. O rejeito dessa operação e lançado pelas mesmas plataformas ao sulcos abertos, o que na avaliação do gerente da mineradora, "não agride o meio ambiente".

Ferraz acredita que Juína terá papel estratégico no mercado mundial do diamante industrial. Ele explica que a base atual da produção desse tipo de pedra é a África do Sul e a Austrália, onde a mesma entrou em processo de exaustão. Ainda não existe demanda reprimida, mas começa a se formar um tímido vácuo que em breve deverá ser ocupado pelos garimpos da cidade mato-grossense.

A indústria eletroeletrônica e a fabricação de robôs dependem do diamante industrial. Ele também tem grande aceitação no mercado internacional de jóias, por seu preço mais acessível em comparação ao diamante gemológico. Ferraz não arrisca números, mas aponta sem receios que Juína será a meca mundial desse tipo de diamante.

O diamante é desonerado de impostos para exportação pela Lei Kandir, que o considera commoditie, a exemplo da soja. No entanto, a título compensatório ambiental, as vendas para fora do país somente recebem autorização após o recolhimento de 0,2% do valor da operação. Essa receita é rateada entre o estado e o município. No mercado nacional ele é sujeito à tributação do ICMS.

O prefeito de Juína, Altir Peruzzo (PT) vê com bons olhos a presença da Diagem em seu município. Ele admite que não conhece bem o projeto da mineradora, mas salienta que se ela operar sem agredir o meio ambiente terá seu apoio, "principalmente porque poderá absorver parte da mão-de-obra ociosa local", argumenta.

Pela sofisticação tecnológica da Diagem, Altir não deveria sonhar muito com um amplo mercado de trabalho em Juína. No pico da produção diamantífera, a mineradora gerará apenas 300 empregos. Hoje, seus postos de trabalho não passam de 30.

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