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MT abriga a maior parte de índios isolados do país

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Márcia Oliveira
30 de Nov de 2003

Eles não sabem nada do mundo civilizado, não conhecem suas conseqüências e ignoram os séculos de história. Desconhecem que Brasil é país e que Lula, presidente. Não, não se trata de alienígenas recém-chegados, mas de índios, os chamados isolados, que perambulam por florestas virgens do país.

Em Mato Grosso existem referências e vestígios de seis, dos nove grupos que ainda restam no Brasil. E um deles, conhecido como "baixinhos", localizado no Noroeste do Estado, entre Colniza e Aripuanã, corre sério risco de extinção.

"Eles são o mais próximo do que Colombo encontrou aqui quando chegou às Américas, em 1492. Andam nus, não têm acesso a bens, plantam de forma incipiente e estão nos lugares mais remotos da selva. Eles não querem contato com o branco, pois em algum momento de suas vidas já tiveram e não gostaram. Eles querem distância de nós", afirma o coordenador geral do Departamento de Índios Isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Brasília, Sidney Possuelo.

Nas atuais circunstâncias porém, o desejo dos índios isolados parece algo quase impossível, caso, uma intervenção firme não seja feita na região, onde, até 2001, 90% da arrecadação de Colniza vinha da comercialização clandestina de madeira, segundo relatório da Funai. "Para esses grupos a sobrevivência vem da caça, pesca e do plantio irregular de algumas culturas. Se o ambiente natural, que é a casa deles, começa a ser destruído as únicas alternativas são: retirá-los daquele ambiente e obrigá-los a viver o mais próximo de nós ou criar uma reserva para que possam continuar sua história", informa Possuelo.

E para os baixinhos, que seriam um grupo pequeno de cerca de 15 a 20 integrantes, entre crianças e adultos, a Funai defende que o branco lhes deixem em paz.

Os primeiros elementos concretos de que eles realmente existiam foram encontrados e notificados em 1999, mas histórias de que um povo nativo habitava a região correm desde o início da década de 80. Eles foram "descobertos" por garimpeiros e pesquisadores de árvores, da região. Desde então, Ministério Público Federal, entidades ligadas à defesa dos índios e a Funai, tentam preservar o grupo, do contato com o branco.

"Pedimos a interdição da área e por várias vezes os madeireiros conseguiram revogar a decisão na Justiça. Como existem fazendas que circundam toda a área onde foram localizados, resolvemos que temos que contactá-los e imunizá-los até que verifique a necessidade de demarcar a área", conta o coordenador.

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