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MST invade fazenda em Ribeirão Preto

OESP, Nacional, p. A9
02 de Mai de 2009

MST invade fazenda em Ribeirão Preto
Propriedade já havia sido alvo de ocupação na semana passada

Gustavo Porto, RIBEIRÃO PRETO

Um grupo de integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) ocupou uma área da Fazenda Martinópolis, entre Serrana e Serra Azul, na região de Ribeirão Preto, no início da manhã de ontem. Segundo o diretor regional do MST, José Ferreira, o Paraguai, cerca de 100 famílias estariam no local, mas a Polícia Civil de Serrana informou que cerca de 50 pessoas teriam feito a ocupação. Um funcionário da fazenda ficou detido pelos sem-terra por cerca de uma hora e meia.

Na terça-feira passada, a Polícia Militar tinha retirado cerca de 20 pessoas de outra ocupação, na mesma propriedade, mas em outra extremidade. "Queremos a reforma agrária nessa área", afirmou Ferreira. Segundo ele, os sem-terra são do Acampamento Alexandra Kolontai, de Serra Azul, próximo à área invadida, que existe há cerca de seis meses. A ocupação marca o protesto do MST no Dia do Trabalho. O movimento alega que a Martinópolis foi arrematada pelo governo estadual por adjudicação fiscal - dívidas dos antigos proprietários - entre 1991 e 2002, mas que a área não foi destinada à reforma agrária e ainda há plantio de cana-de-açúcar.

Uma reunião de deputados ruralistas da Comissão de Agricultura da Câmara, também realizada ontem, em Ribeirão Preto, transformou-se em palco de ataques à legislação ambiental brasileira, às entidades do setor, principalmente o MST.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse que "o MST pode ser comparado ao narcotráfico colombiano, é ilegal e traz insegurança ao homem do campo". Já Paulo Piau (PMDB-MG) disse não ver como trazer a estabilidade para o campo diante dos constantes conflitos fundiários e fez duras críticas às restrições ambientais para o plantio em áreas agrícolas. "Acho que a desobediência civil organizada é a única forma de mostrarmos que alguma coisa está errada", disse.

Entre as incoerências apontadas pelos ruralistas no Código Ambiental Brasileiro, o qual os parlamentares tentam alterar para ser menos restritivo ao agronegócio já consolidado, o deputado Leonardo Vilela (PSDB-GO) citou a distância mínima de áreas de preservação permanente para as margens de rios. "Baseado em que essa distância foi determinada?", perguntou o deputado.

Convidado do debate, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, voltou a defender o fortalecimento do lobby pelo setor. "Nos Estados Unidos o lobby mais forte no Congresso é o do setor agrícola, que tem apenas 2% dos parlamentares. No Brasil, mesmo com 18% dos parlamentares, esse lobby é minoritário", afirmou.

OESP, 02/05/2009, Nacional, p. A9

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