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MPF/PA apresenta denúncia criminal contra sequestradores de índios tembés

Procuradoria da República no Pará
12 de Mar de 2008

Cinco homens que lideraram os tumultos na reserva indígena são acusados de extorsão mediante sequestro, formação de quadrilha e constrangimento ilegal contra moradores da aldeia Itahu e uma equipe de televisão.

O procurador da República José Milton Nogueira Jr apresentou denúncia criminal contra o ex-vereador de Garrafão do Norte Manoel Evilacio Costa e os agricultores Ralfe Marlon Oliveira, João Batista Costa, Pedro dos Santos Costa e Jocimar Leite Costa pela invasão e sequestro de índios tembés na reserva indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, no último dia 17 de fevereiro.

Manoel Evilacio e Ralfe Marlon são apontados pelo Ministério Público Federal como o mandante e o principal executor dos delitos, respectivamente. Eles foram denunciados por formação de quadrilha, constrangimento ilegal e extorsão mediante sequestro - crime hediondo que, somadas todas as penas pode resultar em condenação a quase 200 anos de prisão. Os outros três acusados - João Batista, Pedro Costa e Jocimar Leite - são acusados apenas pela extorsão mediante seqüestro e suas penas podem alcançar 40 anos de prisão.

Os tumultos ocorreram entre 17 e 21 de fevereiro e só terminaram com uma operação policial que prendeu Manoel Evilacio Costa, Pedro Costa, Josimar Leite Costa e João Batista Costa. João Batista e Josimar foram postos em liberdade por serem réus primários, mas Manoel Evilacio e Pedro Costa continuarão presos porque tiveram a prisão preventiva decretada. Ralfe Marlon, também sujeito à preventiva, ainda não foi encontrado pela polícia e é considerado foragido.

Os principais acusados, Evilacio e Marlon, foram ainda acusados pela manutenção em cárcere privado de 12 policiais militares e do superintendente da Funai em Belém, Juscelino Bessa, no final de janeiro de 2008 e pela destruição de pontes na região.

Relato - A denúncia apresenta à Justiça Federal de Castanhal os relatos tanto dos índios que sofreram a violência quanto dos policiais federais, civis e militares que participaram da ação para libertação dos reféns. A equipe da TV Liberal – afiliada da Globo no Pará - que foi mantida em cárcere por 5 horas ao tentar registrar os acontecimentos também é considerada vítima de seqüestro e constrangimento ilegal, o que pode aumentar ainda mais as penas dos envolvidos.

Os índios relataram ao MPF a chegada assustadora dos invasores na aldeia Itahu, no dia 17 de fevereiro. Homens, mulheres e crianças da aldeia foram levados à força para uma vila vizinha à reserva, onde foram confinados em uma casa escura por horas.

Teriam sido soltos apenas na segunda-feira (18) quando chegou uma ordem de Manoel Evilacio para libertar as crianças e mulheres. Beto Tembé e o agente de saúde Geraldo Costa foram obrigados a permanecer e só foram libertados no dia 21 de fevereiro com a chegada da polícia.

O cacique Joca Tembé, líder da aldeia Itahu, pai de Beto, contou que enquanto seu filho era refém, Manuel Evilácio o pressionava para que fizesse contato com as autoridades e negociasse a destinação de uma parte das terras indígenas aos invasores.

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