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MPF investiga existência de milícia

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
09 de Ago de 2002

O procurador da República Ramiro Rockenbach vai pedir apoio da Polícia Federal para confirmar se realmente existem índios armados

O procurador da República Ramiro Rockenbach disse ontem ao Correio do Estado que é preocupante a denúncia da existência de uma milícia armada entre os índios na área em conflito no município de Antônio João. Ele esclareceu que já esteve algumas vezes na aldeia do Cerro Marangatu, onde estaria instalada essa milícia, mas não percebeu nada em relação a essas denúncias, entretanto garantiu que se trata de uma questão que deve ser investigada com rigor.
Ramiro Rockenbach comentou que, para confirmar ou não essas acusações, é necessário um período longo de levantamentos através do serviço de informação da Polícia Federal, mesmo porque se for comprovada a existência de armas na aldeia, deverá ser verificada a origem delas ou quem estaria fornecendo esse material para os indígenas. O procurador disse que o Ministério Público Federal está atento a essas questões.
Ele deixou claro que até agora o que tem em mãos são as denúncias publicadas pela imprensa, com base nas declarações de um grupo de indígenas e uma foto, publicada em alguns jornais, mostrando vários índios exibindo espingardas e revólveres, que segundo o procurador, pode ser antiga, mas que será devidamente analisada. Pelas informações prestadas pelos próprios índios, a imagem teria sido captada às vésperas de uma tentativa de retirada dos indígenas da área, através de uma ação, que foi suspensa, da Polícia Federal.

Acordo frustrado
A tentativa de conciliação entre índios e proprietários rurais do município de Antônio João foi considerada pelo juiz federal em Dourados, José Denilson Branco, como infrutífera. A audiência que, aconteceu na quarta-feira na Justiça Federal, com mais de quatro horas de duração, seria para buscar uma forma de evitar conflitos entre os indígenas que ocupam parte da Fazenda Fronteira e os donos não só dessa propriedade, como também de outras, que estão dentro da área identificada como indígena.
Na audiência com o juiz participaram seis representantes dos fazendeiros, dois líderes indígenas, dois antropólogos, dois procuradores da República, além dos advogados representantes das partes. A princípio, cerca de 50 pessoas queriam participar da audiência, mas o juiz limitou à participação de apenas uma comissão para não tumultuar o encontro. Mesmo assim, os demais proprietários rurais e moradores de Antônio João permaneceram até a noite em frente ao prédio aguardando uma posição.
O procurador Ramiro Rockenbach disse ao Correio do Estado, assim que a audiência foi encerrada por volta das 20h30min, que as denúncias feitas contra a família do líder indígena Lorentito Vilhalba acabaram prejudicando a tentativa de conciliação, já que ambos os lados se mostraram irredutíveis em relação às propostas de acordo apresentadas. O procurador esclareceu que a intenção da Justiça é tentar fazer com que haja uma convivência pacífica entre as partes envolvidas, até que seja decidido quem são os verdadeiros proprietários da área

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