MP pede indiciamento do governador de Roraima

MP pede indiciamento do governador de Roraima
MARIÂNGELA GALLUCCI
BRASÍLIA – O Ministério Público Federal pediu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o indiciamento do governador de Roraima, Flamarion Portela, por crimes de peculato e formação de quadrilha”. Segundo o MP, há provas de que o governador sabia e participou de uma rede que incluiu funcionários fantasmas na folha de pagamento do Estado. O episódio é conhecido como escândalo dos gafanhotos”. O ex-governador Neudo Campos chegou a ser preso no ano passado, acusado de participar do esquema.
O governador Francisco Flamarion Portela deu continuidade e intensificou o esquema criminoso instalado no governo do Estado de Roraima para rapinar os cofres públicos, desviando recursos oriundos de convênios federais em benefício de afilhados correligionários, em troca de apoio político”, argumentam os três procuradores responsáveis pelo caso.
Baseados em depoimentos, eles afirmam que Flamarion autorizou a continuidade do esquema iniciado na gestão de Neudo. Segundo os procuradores, o governador também facilitou a formação de quadrilha que teria sido encabeçada por Bernardino Alves Cirqueira.
Este, aproveitando-se do prestígio político e relacionamento que tinha com o governador, organizou uma quadrilha para, de forma sistemática e continuada, apropriar-se de dinheiro público através do aliciamento de gafanhotos incluídos ilicitamente na folha de pagamento do Estado”, alegam os procuradores.
Segundo os procuradores, a quadrilha era formada por Flamarion, Bernardino Alves Cirqueira, Diva da Silva Briglia e Elândia Gomes Araújo. A conduta de cada um deles foi decisiva para o resultado criminoso.”
Confissão – Depoimentos tomados em Boa Vista complicam ainda mais a situação de Neudo e Flamarion. A funcionária da Secretaria de Administração de Roraima Sônia Natrodt confessou ontem que era responsável pela folha de pagamento do esquema gafanhoto”. Em depoimento ao juiz Helder Girão Barreto, da Justiça Federal, ela também confirmou que os dois conheciam todo o esquema. Ela informou que pelo menos 18 deputados estaduais participavam do esquema e todos os envolvidos tinham cotas de participação. Ao fim do depoimento, contou que está sendo ameaçada de morte e pediu proteção da Justiça.
A ex-secretária de Administração Diva Briglia, apontada como a gerente” do esquema, disse que Flamarion conhecia todos os detalhes e não tomou nenhuma providência para eliminar a folha.
Neudo, que também depôs, voltou a dizer que está sendo vítima de perseguição. No tempo certo provarei minha inocência”, garantiu. (Colaborou Zequinha Neto, Especial para o Estado)

OESP, 28/02/2004, p. A9