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Mourão diz que faltou integração entre militares e órgãos ambientais contra desmatamento na Amazônia

g1 Jornal Nacional - https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia
23 de Nov de 2021

Mourão diz que faltou integração entre militares e órgãos ambientais contra desmatamento na Amazônia
À frente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o vice-presidente assumiu a culpa pela falta de coordenação. Apesar das operações com apoio das Forças Armadas, o desmatamento na região aumentou 22% de agosto de 2020 a julho deste ano.

Por Jornal Nacional
23/11/2021

Mourão admite que faltou integração entre militares e órgãos ambientais contra desmatamento na Amazônia
O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu, nesta terça-feira (23), que faltou integração entre militares e órgãos ambientais nas ações contra o desmatamento na Amazônia. E se disse culpado por isso.
Foi a última reunião do ano do Conselho Nacional da Amazônia Legal, que reúne 14 ministérios sob o comando do vice-presidente Hamilton Mourão. Na pauta, o desmatamento na Amazônia, que aumentou 22% de agosto de 2020 a julho deste ano, apesar das operações com apoio das Forças Armadas na região.
Questionado sobre o resultado, Mourão disse que faltou coordenação ao governo.
"Na primeira fase dessas operações, que foram se encerrar em abril deste ano, não houve essa verdadeira integração entre o trabalho das Forças Armadas e as agências ambientais. Consequentemente, as Forças Armadas realizaram operações de cerco, buscaram largas apreensões de material, mas não havia a presença do agente que realmente é o capaz de emitir a multa, de realizar a verificação no detalhe", declarou.
A reunião foi esvaziada. Não estavam o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, responsável pelo Inpe, que calcula as taxas de desmatamento, nem os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Justiça e Segurança, Anderson Torres, que têm anunciado novas medidas de combate aos crimes ambientais na Amazônia. Mourão citou a ausência de Joaquim Leite.
"O ministro Joaquim Leite é a cara do combate ao desmatamento, ele sabe disso muito bem. O Ministério do Meio Ambiente é o carro chefe disso aí, e ele está convicto de que tem que haver ação permanente, não podem ser ações esporádicas, para que a gente cumpra a nossa obrigação nacionalmente determinada de chegar a 2028 tendo zerado o desmatamento ilegal", afirmou.
Quando a equipe do Jornal Nacional insistiu na pergunta, para que o vice-presidente detalhasse o motivo da falta de integração do governo no combate ao desmatamento, Hamilton Mourão assumiu a culpa:
"Se você quer um culpado, sou eu. Eu não vou dizer que foi o ministro A, o ministro B ou o ministro C. Eu não consegui fazer a coordenação e a integração da forma que ela funcionasse".
O Jornal Nacional questionou o Ministério do Meio Ambiente sobre a falta de integração, mas não teve resposta.
Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, diz que a origem do problema está na ideia de que os militares resolveriam o crime ambiental na Amazônia.
"Essa mudança na forma de fazer as operações fez com que a fiscalização ambiental deixasse de ser eficiente. É um dos elementos do aumento do desmatamento. Obviamente, o desmatamento aumentou também porque houve um estímulo a atividades de cunho impactante e alterações na legislação, inclusive que flexibilizam o desmatamento", criticou.
Na entrevista, Mourão ainda tentou minimizar a taxa de desmatamento ao dizer que boa parte - cerca de 35% - seriam retiradas de vegetação autorizadas dentro dos limites de terras particulares. Mas especialistas contestam esse número.
"Lembrando que, aqui no Brasil, só pode desmatar se houver autorização e, olhando nessas informações que estão disponíveis no Portal da Transparência do Ibama, cruzando com os alertas de desmatamento, a gente encontra que é cerca de 2% a 3 % dos alertas, dos eventos de desmatamento e um pouco menos de 10 % da área desmatada em 2021, e a mesma coisa vale para o período todo desde 2019 até 2021, certamente não chega nem próximo a 35% com autorização que é o que foi indicado pelo vice-presidente", rebateu Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

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