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Mortes no Pará: juiz decreta prisão de três

O Globo, O País, p. 12
30 de Jul de 2011

Mortes no Pará: juiz decreta prisão de três
Ele negou pedido por duas vezes e agora critica violência no campo; suspeitos estão foragidos

Evandro Corrêa
Especial para O GLOBO

MARABÁ (PA). Após pressão de movimentos sociais e ambientalistas, o juiz Murilo Lemos Simão, titular da Vara de Violência Contra a Mulher da Comarca de Marabá e da Vara Privativa do Tribunal do Júri, decretou anteontem a prisão preventiva de José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, acusados de participação na execução do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. Os três estão foragidos. O crime ocorreu em maio, no assentamento Praialta-Piranheira, zona rural do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará.

Reconhecendo que existem provas da materialidade do crime, o juiz Murilo Lemos destaca em sua decisão que, após os dois pedidos de prisão terem sido por ele indeferidos, o delegado responsável pela condução do inquérito investigou melhor o caso, a fim de esclarecer as dúvidas que pairavam sobre a autoria do assassinato.

"A autoridade policial conseguiu colher mais provas que, comparadas com aquelas produzidas no início das diligências, autorizam a conclusão de que existem indícios suficientes apontando os denunciados como supostos autores do duplo homicídio", afirma o juiz, na decisão.

O magistrado acolheu a argumentação do Ministério Público, que sustentou que a prisão preventiva dos denunciados se fundamenta na garantia da ordem pública. "A violência desmedida da suposta ação criminosa imputada aos denunciados denota, por si só, a periculosidade dos criminosos e, se as provas apuradas pela autoridade policial indicam ser os acusados os autores do delito, não há como, nesse momento, entender que eles não representam risco algum à sociedade", prossegue.

'Luta pela posse de terra perdura há décadas', diz juiz
Ele ressalta que os homicídios podem ser reflexo de uma luta pela posse de terra que, no Estado do Pará, assim como em alguns outros, "perdura por longas décadas e demonstra a debilidade e ineficiência flagrantes das políticas públicas de combate aos conflitos fundiários e à violência no campo, bem como mostra o quanto os movimentos que levantam bandeiras das mais diversas cores e símbolos precisam evoluir para um dia conseguirem o justo, pacífico e ordeiro acesso à terra e aos bens de produção, em tudo preservado o meio-ambiente".

Em Marabá, entidades de classe e familiares do casal assassinado também comemoraram a decisão da Justiça.

- Tudo o que esperamos é que seja feita justiça em mais um caso de morte no campo - disse José Batista Afonso, Coordenador da Comissão Pastoral da Terra em Marabá.

O Globo, 30/07/2011, O País, p. 12

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