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Mortes nas aldeias aumentam 55,5%

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
03 de Ago de 2003

POPULAÇÃO AMEAÇADA - Em 2002 foram 45 mortes e este ano, de janeiro a julho, a Funasa registrou 70 mortes em Jaguapiru, Bororo, Panambi e Panambizinho

As mortes de índios nas aldeias de Dourados aumentaram 55,5%, comparando os sete meses deste ano com o mesmo período do ano passado. Em 2002 foram 45 mortes e este ano, de janeiro a julho, a Fundação Nacional de Saúde já contabilizou 70 mortes registradas nas aldeias de Jaguapiru, Bororo, Panambi e Panambizinho, que juntas possuem uma população de 9 mil índios. Assassinatos, acidentes de trânsito, suicídios e doenças foram as principais causas dessas mortes.
No caso da mortalidade infantil, de 0 a 1 ano, também houve um aumento de 23%. De janeiro a julho de 2002 ocorreram 13 mortes nesta faixa etária, contra 16 registradas este ano. Nestes números não estão incluídos os natimortos, que chegaram a 14 em 2001, 7 em 2002 e neste ano já somam 4 casos, o dobro do ano passado no mesmo período.
Os dados são do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da Fundação Nacional de Saúde em Mato Grosso do Sul, que desenvolve um acompanhamento intensivo nas aldeias do Estado, registrando todos os casos de doenças e mortes entre os índios.
Com base nesses índices as equipes procuram desenvolver ações curativas e, principalmente, as preventivas, como alimentação e campanhas na área de higiene, cuidados médicos e uma série de outras medidas para evitar os problemas de saúde.
Conforme relatório apresentado pelo Pólo Indígena de Dourados, mesmo com o trabalho que vem sendo realizado pela Fundação Nacional de Saúde, através de um sopão que é fornecido para os mais carentes das aldeias, a multimistura oferecida nas escolas e o Programa de Segurança Alimentar do Governo do Estado, é possível verificar que a desnutrição ainda é um problema entre os índios.
Em 2001 foram detectados 767 casos de desnutrição, com 21 mortes; em 2002 foram registrados 1.151 casos, mas as mortes reduziram significativamente, chegando a apenas cinco. Em 2003 já são 1.097 casos e cinco mortes. No entanto, as doenças do aparelho respiratório são as que mais estão provocando a morte entre os índios, ou seja, de janeiro de 2001 até agora foram registrados 42 óbitos.
O que preocupa é que, no primeiro ano levantado, de janeiro a julho, houve registro de apenas um caso, passando para oito no ano seguinte e chegando a 12 em 2003.
Outros dados levantados pelo Pólo Indígena da Dourados revelam que a tuberculose, que era considerada uma das maiores preocupações entre os indígenas, hoje já está controlada e apresentando queda a cada ano. Em 2001 foram 51 casos registrados, caindo para 27 no ano seguinte e agora em 2003 foram comprovados somente 16 casos.
Por outro lado surge uma nova preocupação, que são as doenças sexualmente transmissíveis (DST). O crescimento é considerado assustador, passando de 22 casos em 2001 para 74 em 2002 e chegando a 69 nos sete meses de 2003

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