VOLTAR

Mortes em função da falta de atendimento nos rios Marauiá, Padauiri, Demini e Aracá

CCPY-Boa Vista-RR
26 de Mai de 2006

Três Yanomami morreram recentemente devido à falta de assistência de saúde entre as populações dos rios Marauiá, Padauiri, Demini e Aracá, nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos/AM, normalmente atendidas pelo Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), organização não-governamental conveniada da Funasa. O programa de saúde da entidade esta suspenso desde o dia 20 de abril, após quatro meses sem que a Funasa repasse as devidas verbas previstas para a ONG, impossibilitando o pagamento de salários e a aquisição de medicamentos e materiais.

Os três óbitos foram registrados entre os cerca de 2.400 habitantes dessas regiões: uma criança com um ano de idade, por malária; um idoso por picada de cobra; e outro que pode ter sido, segundo os Yanomami, por pneumonia e/ou por malária. Diante dos fatos Silvio Cavuscens, coordenador geral do Secoya, declarou: "Agora deve ficar clara a importância da manutenção de uma assistência permanente e contínua, com acompanhamento via rádiofonia. A partir do momento que não há mais condições mínimas, como ocorreu, a coisa se degenera rapidamente".

Segundo Cavuscens, o discurso da Funasa sobre irregularidades nas prestações de contas feitas pelas conveniadas, usado para justificar os atrasos nos pagamentos, não corresponde à realidade: "Quando terminou a vigência anterior do convênio, eles [Funasa] falaram: 'vão continuando com as atividades que depois a gente resolve'. O ano passado nós [Secoya] ficamos quase cinco meses sem recursos, nosso pessoal agüentando em área, nós ficamos agüentando para não deixarmos a qualidade cair. Só que a nossa relação com os fornecedores estava melhor, não tínhamos tantas dívidas na praça e deu para agüentar. Agora não deu".

Quando ficou claro que não haveria meios de continuar com as atividades de saúde em área, o Secoya divulgou nota pública expondo os motivos que o levaram à interrupção do atendimento, evidenciando a total falta de estrutura e materiais básicos, como os destinados aos tratamentos de malária, acidentes ofídicos e doenças respiratórias que vitimaram em menos de um mês três Yanomami: "A falta de medicamentos nos postos de saúde dificulta o trabalho dos profissionais na continuidade dos tratamentos, ocasionando um aumento nos casos de IRA (Infecção Respiratória Aguda) e DDA (Doença Diarréico Agudo), consequentemente aumentando as chances de óbito na população infantil, que se encontra em número elevado nos dados de saúde.

A falta do Soro Antiofídico está causando pânico entre os profissionais, que em situações de necessidades tornam-se incapazes de realizar os procedimentos para o tratamento imediato, tendo como alternativa apenas a remoção do paciente para os municípios de referência, ocasionando assim um aumento de gastos de combustível. A malária vem se tornando um pesadelo para os Pólos Bases, que nas ultimas semanas não dispõe de medicamentos (Primaquina de 5 e 15mg, Cloroquina 150mg, Mefloquina 250mg), para a continuidade das ações de saúde, e atender os casos de malária diagnosticados nas buscas ativas e passivas" (Ver comunicado na íntegra).

Após exaustivas reuniões com representantes da Funasa em Brasília, o Secoya obteve garantias de que o valor de 347 mil reais seria liberado até o dia 19 de maio. "A partir de então, nossa meta é agir o mais rapidamente possível e enviarmos equipes a campo a partir da próxima sexta-feira (dia 26 de maio). Imediatamente não teríamos como, já que ainda não temos dinheiro para pagar os fornecedores e conseguir alimentos, comprar remédios e combustível", afirmou Cavuscens

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.