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MORTE ANUNCIADA

BOLETIM ELETRÔNICO DA SAÚDE Ano I, Nº 01, Outubro de 2005. DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA DO ALTO SOLIMÕESDISTRITO
01 de Out de 2005

"No dia 16/09/2005 deu entrada no Hgut (Hospital de Guarnição de Tabatinga ) o paciente (tikuna) Assis Sangama Mariano com o diagnóstico de insuficiência renal crônica no domingo dia 19/09/2005 fui chamada no hospital, pois o médicos queria falar comigo sobre este paciente fui ate lá e o médico me falou sobre a gravidade do caso e a necessidade de transferi-lo urgente para Manaus em um avião UTI, foi comunicado o Sr. Lucimar Chefe da Casa do índio que, me disse que na segunda feira resolveria isso. NA segunda feira pela manhã fui com a funcionária Gelci e o Laudo Médico entre o laudo médico direto ao chefe do DSEI Sr. Leandro que ficou de providenciar o avião UTI, neste dia o paciente ainda se encontrava falando e andando somente fazia uso de um cateter de oxigênio devido a dispnéia (...)"

(Trecho do Relatório da Enfermeira Renata Borges (Casai)

Insistentes ligações para o chefe do DSEI, feitas pela mãe do Assis (Santa), pela enfermeira Renata Borges e pela Coordenadora Técnica do DSEI-AS, Mara Midena foram capazes de sensibiliza-lo e o avião chegou somente na quinta-feira (24/9). Um avião que ainda foi adaptado para transportar o paciente, a essa altura entubado e no oxigênio, em precárias condições.
Assis não resisitiu e faleceu no dia 25/9 em Manaus.
O seu corpo retornou a Tabatinga, em vôo comercial da Rico S. A., no dia 26/9.
Na reunião Re-Pactuação (31/8/05) a Coordenadora da Associação de Mulheres Indígenas Tikuna - AMIT, Carmem Gomes Tamanho, falava emocionada para o chefe do DSEI, para a funcionária Isaudina e o para funcionário Edgard, que "quando os meus parentes estiverem morrendo por falta de transporte a culpa será de vocês".
A mãe do Assis, Santa, faz parte da AMIT.
Por enquanto, ninguém foi responsabilizado e, por isso, os abusos prosseguem, com o chefe do DSEI solicitando ao prefeito de Tabatinga o repasse de recursos do PSFI para a realização de um curso para professores de uma comunidade ribeirinha não-indígena. Um detalhe mórbido diz respeito ao fato de uma parte dos assassinos dos 14 tikunas e dos outros 10 desaparecidos no "Massacre do Capacete" pertencerem à comunidade para a qual o chefe do distrito repassou ou recursos.

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