VOLTAR

Moradores de Novo Progresso protestam contra imagem da cidade

OESP, Nacional, p.A12
02 de Mar de 2005

Moradores de Novo Progresso protestam contra imagem da cidade
Pelo menos três mil cidadãos de Novo Progresso, cidade do sudoeste do Pará, 45 mil habitantes, a 1.194 quilômetros de Belém, disseram ontem à tarde ao governo federal, com palavras e faixa., de protesto, durante audiência pública com o ouvidor agrário nacional Gercino Filho, que estão indignados por serem considerados munícipes de uma terra sem lei, onde impera a grilagem e o banditismo.
Assim eles se viram nos jornais, nas televisões e na internet desde que o assassinato de irmã Dorothy, a muitos quilômetros daqui, acordou os governos federal e estadual para a dura realidade das rodovias Transamazônica e Cuiabá-Santarém. Novo Progresso é dividida por esta última, sempre em condições precárias.
"Nós não podemos ser tachados de bandidos por causa de uma meia dúzia que desrespeita a lei", disse o presidente do Sindicato Rural, Agamenon Meneses. "Somos produtores e trabalhadores que o Estado abandonou - e nos afronta ver o Exército e a Polícia Federal numa cidade tão tranqüila, em que houve dois crimes por questões agrárias nos últimos dois anos."
O Exército (66 homens) e a Polícia Federal (15) chegaram nos dias 22 e 23. Até ontem à tarde, não havia registro de qualquer ocorrência digna de nota. A atividade do Exército estava concentrada no hospital municipal, onde 22 militares vindos do Rio, sete médicos entre eles, davam assistência médica à multidão que acorreu.
Já as patrulhas que circulam nas ruas de terra e de lama só atraem a curiosidade.
A audiência com o ouvidor agrário foi solicitada, há semanas, sob a pressão da interdição da Cuiabá-Santarém, por 11 dias, pela Comissão Representativa Pró-Desenvolvimento do Entorno da BR-163, composta por representa de 67 entidades locais, incluindo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
O problema maior, para todas elas, é o recente decreto federal de interdição administrativa de uma área de 8 milhões de hectares no entorno da BR-163, em vias de ser licitada para a reconstrução do trecho paraense, e a portaria número 10, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que proíbe temporariamente o Incra de emitir Certificado de Cadastro de Imóvel Rural e exige o recadastramento das áreas em prazo considerado curto demais. No entendimento da Comissão as duas medidas trazem insegurança para o direito de propriedade. A tensão foi agravada porque o Ibama não está autorizando planos de manejo florestal, o que paralisa as serrarias. A atividade madeireira move a economia de Novo Progresso.
Durante a audiência pública, o prefeito Tony Gonçalves (PPS) disse que as madeireiras estão fechando e demitindo em massa e que o desemprego já chegou a 60%. O presidente da Associação Comercial, Antônio Campos, disse que o comércio já dispensou 40% de seus funcionários.
Os representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ibama explicaram que a intenção do governo com as medidas que estão sendo questionadas é conhecer a realidade e acabar com a grilagem e a confusão fundiária.
OESP, 02/03/2005, p. A12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.