FSP, Dinheiro, p. B3
20 de Jan de 2004
Monsanto parará de vender na Argentina soja transgênica
Empresa alega perder sua rentabilidade no país, pois o mercado local é dominado por sementes ilegais
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
A multinacional Monsanto, detentora da patente da soja geneticamente modificada, decidiu deixar de comercializar sementes do grão na Argentina. A empresa alega que, devido à alta difusão de sementes "ilegais", tem perdido rentabilidade no país.
"Entre 50% e 60% das sementes de soja na Argentina são compradas no mercado negro", explicou o porta-voz da Monsanto no país, Federido Ovejero.
Ele afirmou ser "impossível recuperar" os investimentos quando se compete com um "gigantesco mercado negro para as sementes transgênicas".
O faturamento da Monsanto na Argentina caiu de US$ 584 milhões em 2001 para US$ 300 milhões no ano seguinte -valor que já inclui a cobrança de royalties dos produtores que utilizam as sementes da companhia.
Entre 1998 e 2001, o investimento em tecnologia de soja e milho transgênicos no país foi de US$ 148 milhões.
Sem pagar royalties
Apesar de reconhecer o impacto da forte desvalorização cambial do peso em 2002, a empresa atribui essa queda na rentabilidade ao fato de que até 60% do que é cultivado não paga royalties e são produtos obtidos pelos próprios agricultores.
"Os produtores argentinos não devem pagar royalties à Monsanto quando replantam as sementes geneticamente modificadas com a tecnologia Roundup Ready devido a uma isenção de impostos disposta pela lei. Assim, muitos produtores extraem as sementes somente para vendê-las ilegalmente", disse Ovejero.
A Argentina é o terceiro maior produtor mundial de soja, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Brasil.
A Monsanto atua no país há 47 anos, mas introduziu a soja geneticamente modificada no mercado argentino em 1996.
Hoje, lidera a comercialização de sementes transgênicas e herbicidas na Argentina.
A multinacional tem uma participação de 20% no mercado de soja transgênica e de 80% no fornecimento de sementes e herbicidas para a produção de milho alterado geneticamente.
FSP, 20/01/2004, Dinheiro, p. B3
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